domingo, 7 de dezembro de 2008

metrópolis

Além de ser um marco do expressionismo alemão, Metrópolis é umdas grandes ficções-científicas que tem algo a dizer. Por trás das máquinas, do robô, dos prédios altos e com aviões planando a cada minuto, o filme traz uma poderosa sátira ao mundo, transformando o que seria uma história de amor banal em um grande evento cinematográfico histórico.

Para entender a produção, é preciso saber que ocorria antes e na década de 1920 muitas transformações no mundo. Era época de Revolução Industrial e muitos dos operários estavam sendo subsituídos pelas máquinas. Nessa época, o Cinema crescia cada vez mais nos Estados Unidos, como muitas outras indústrias. Não é à toa que em 1929 teremos a queda da bolsa, pela super-produção e alguns outros motivos. Os capitalistas já mandavam e os homens eram os escravos de seus patrões, afinal naquela época não tinha um horário determinado de trabalho, o salário era uma verdadeira miséria, não tinham férias e muitas outras regalias que hoje temos.

Visto isso, Fritz Lang criou um filme absurdamente rico em metáforas. Nas cidades subterrâneas, moram os operários, enquanto acima deles domina a classe dos Mestres - donos das fábricas, são os que mandam na cidade. Quando o filho de um dos poderosos magnatas entra na casa das máquinas, vê o sofrimento ao qual aqueles homens são submetidos, além de ter uma visão das máquinas se transformando em monstros, que engolem os operários. Em uma cena maravilhosa, principalmente para a época, o diretor Fritz Lang não se acovarda e continua com seu trabalho primoroso.

A melhor seqüência do longa dá-se na cidade dos operários, quando Lang coloca seus atores trabalharem ao meio de água para tudo que é lado. Além de ser bem trabalhada e bem finalizada, a cena ainda tira o nosso fôlego. E no meio de tanto caos, ainda nos deslumbramos com a maravilhosa direção de arte, que inclui prédios altíssimos, aviões planando de um lado para o outro, lindas paisagens na área dos mestres e lugares empobrecidos a cidade dos operários.

Os personagens, apesar de comuns, são bem construídos. Já as atuações não são as melhores do Cinema, mas se tratando de um filme mudo e também parte do movimento do expressionismo alemão presente, não dá para exigir muito. Não incomoda muito todas as caretas, as mãos nos rostos e as duas mãos que os atores insistem em usar para se expressar, pois o envolvimento com a história é intensa.

O filme ficou do jeito que Lang queria. Uma obra antemporal e de fácil identificação para nós. Metropólis foi só o impulso para Blade Runner, Star Wars e tantas outras produções que hoje fazem fila nos cinemas.

Observação: Foi composta uma trilha para o filme na década de 80. Mas a música é tão, mas tão ruim, que eu aconselho ou colocar outras faixas de trilha sonora - como eu fiz - ou simplesmente colocar no mundo. Será melhor para o filme para os ouvidos.

Metrópolis
Metropolis, 1927
Direção: Fritz Lang. Roteiro Adaptado: Fritz Lang e Thea von Harbour. Elenco: Alfred Abel, Gustav Frölich, Brigitte Helm, Rudoll Klein-Rogge e Theodor Loos.

3 comentários:

Leo Pinheiro disse...

Meu Deus do céu, achei que ninguém na blogsfera, além de mim, tinha visto esse filme!!!

Vi há anos, em VHS na casa de uma amiga que trocava seus nosferatus pelos meus Mae West, Buster Keton, Harold Lloyd...

Anônimo disse...

Não tinha visto esse filme, mas confesso que fiquei curioso, tem uma história interessante e está em um ótimo contexto.
O crack de 29 dá enredo ao muito filme.

Rafael Carvalho disse...

Cara, vi esse filme há pouco tempo e fiquei impressionado com o domínio de técnica do Fritz Lang, além da história ser bastante pertinente à época de produção. A crítica social que ele faz é bem aguda. A única coisa que me soou muito panfletária e, vista hoje, bem ingênua, foi aquele final concilatório entre o dono da fábrica e o líder dos operários. Fora isso, é um filmaço!!!

E não sei se você soube, mas os negativos do fime original, que contam com umas 3 horas de duração, dados como eliminados, foram achados recentemente na Argentina. Agora é ficar na expectativa da restauração.