sexta-feira, 18 de setembro de 2009

che 2: a guerrilha

O que na primeira parte de Che mais me incomodava, as duas narrativas distintas, neste foi corrigido com uma estrutura mais convencional. Com o mesmo tom documental que imperava em O Argentino, Sohderbegh abandona o otimismo da primeira parte, dando espaço para um filme mais agressivo e, ao mesmo tempo, melancólico.

Che 2: A Guerrilha dá um salto temporal de seis anos desde os acontecimentos da primeira parte. Che agora se encontra na Bolívia, liderando outra guerrilha, contando com a ajuda de alguns cubano. O que fica evidente nesta segunda parte é a de como a figura heroíca de Che é descontruída aos poucos, tornando-se um homem até em certo ponto egoísta com suas ideias. E é nesse ponto que Sohderbergh acerta mais do que em O Argentino. Che é um homem egoísta, que só se importa com seus ideais, não hesitante nem em roubar comida de uma pobre velhinha. Claro que também vemos aquele lado mais humano do personagem, como suas consultas médicas locais, e é por isso que Del Toro é tão importante para a cinebiografia.

Ele consegue construir, com cuidado, o seu Che Guevara.A sua visão para o guerrilheiro. Outro que merece destaque é Demián Bichir pela sua construção de Fidel Castro - até mesmo a voz enjoada -, o ator sempre consegue roubar um pouco das poucas cenas em que aparece nas duas partes da cinebiografia. Diferente de Rodrigo Santoro, por exemplo, que foi prejudicado pelo rotiero nas duas partes, como Raúl Castro. Ah sim, Matt Damon faz uma pequena participação como um padre.

No final, o resultado é semelhante a de O Argentino, apenas bom, nada mais. Ainda que não tenha sido uma experiência cinematográfica fascinante, foi ao menos interessante assistir a mais de quatro horas sobre Che Guevara. Pena que não é nada memorável.

Che 2: A Guerrilha
Che: Part Two, 2008
Direção: Steven Sohderbergh. Roteiro Adaptado: Peter Buchman. Elenco: Benício Del Toro, Demián Bichir, Rodrigo Santoro, Santiago Cabrera, Kahlil Mendez, Jorge Perugorria, Norman Santiago, Franka Potente e Cristian Mercado.

6 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Não pude, ainda, conferir os dois filmes. Mas, isso vai ser solucionado em breve...até porque considero o Steven Sohderbergh versátil, inteligente e visionário.

Abraço

ótimo blog, o teu!
vou linkar-te.

Vinícius P. disse...

Confesso que não estou muito ansioso para conferir essa obra do Soderbergh, por enquanto minha expectativa é por seus novos trabalhos.

Rafael Carvalho disse...

Então Diego, gosto imensamente da primeira parte do Che e discordo que a direção do Soderbergh não seja ótima. A sobriedade com que ele carrega o filme é uma surpresa num filme que podia muito bem tomar partido do personagem principal e endeusá-lo. Talvez essa sensação surja porque não é um filme de epifania, de exageros estéticos nem dramáticos (por isso, toda aquela placidez da atuação do Del Toro, elevendo em muito a humanidade do personagem, e digo humanidade no sentido de que o Che possui suas fragilidades e potencialidades, sua integridade, mas também sua arbitrariedade). Ele é mais carne e osso do que um mito.

Pra mim, um dos melhores filmes do ano. Agora, só falta ver a segunda parte.

Robson Saldanha disse...

Ainda sem vontade de conferir qualquer um dos dois filmes!

Dewonny disse...

Vi as duas partes, e gostei mais da primeira, q ñ achei aquela maravilha tbm, mas valeu a pena pra conhecer um pouco mais esse personagem histórico, Soderbergh fez um bom trabalho, mas não são grandes filmes do tipo marcantes!
Nota 6.0 pro primeiro e nota 5.0 pro segundo!
Abs! Diego!

Wallace Andrioli Guedes disse...

Gosto bastante dos dois filmes, mas acho esse segundo em especial maravilhoso... triste, trágico, melancólico, tenso, e com um Del Toro excepcional. Aquela cena dele com o guarda que o vigia, já no final, é excepcional.