sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

guerra ao terror


Muito tem se discutido sobre o fato de as distribuidoras brasileiras terem lançado Guerra ao Terror diretamente em DVD, logo no início de 2009. Foi uma decisão incoerente, uma vez que o filme era elogiado por críticos internacionalmente, sendo desde a época de seu lançamento cotado para premiações e, inclusive, ao Oscar. Estampado logo na capa do DVD nacional, haviam os nomes de Guy Pierce, Ralph Fiennes, Evangeline Lilly e David Morse - os quatro atores não devem somar nem 30 minutos de aparição, juntos. O medo do fracasso por parte das distribuidoras era tão grande, que meses após o seu lançamento, decidiram lançá-lo nos cinemas.

É uma pena que o longa não teve uma publicidade maior nesse ano aqui no Brasil. Talvez o filme definitivo sobre a Guerra do Terror, é uma obra, no mínimo, tensa e impactante. Desde os minutos iniciais, a diretora Kathryn Bigelow nos confere a tensão do clima de guerra, em uma experiência técnica que foge dos padrões, elevando as cenas em um patamar ainda maior do que o que nos acostumamos. A habilidade com que a diretora filma, utilizando o recurso arriscado da "câmera na mão", é pura técnica. São cortes longos, zooms fechados e bem construídos, sem nunca perder o foco no que realmente importa nesse filme: a complexidade de seus personagens.

Jeremy Renner interpreta a figura mais complexa do longa. Um homem arrogante, que ignora as ordens dos superiores, mas que com o decorrer da produção nos revela humanidade, algo que Renner constrói com dignidade e fidelidade à história. E se o sargento James de Renner não parece nem um preocupado em voltar a sua cidade, o Sanborn do ator Anthony Mackie só pensa nos dias que restam para a sua unidade partir do Iraque. Mackie não se destaca, mas ganha o carisma do espectador, que compreende a vontade daquele homem em retornar para casa, no medo de nunca ter um filho, deperder tudo na guerra.

E se James não gosta de ficar longe da ação o tempo todo, o mesmo não pode ser dito de Sanborn. É essa dualidade de personalidades que os personagens têm de enfrentar nas duas horas de filme. Não há diálogos totalmente inspirados (embora há algumas sacadas muito boas), dando lugar a um estudo de personagens, da relação que eles têm com a guerra. De como eles acabam se influenciando por aquele meio, das paranóias de que um civil pode explodir a qualquer momento. Não há um certo ou o errado. Em nenhum momento os terroristas são vistos como os verdadeiros inimigos por ali. O único inimigo dos soldados é a guerra.

Guerra ao Terror
The Hurt Locker, 2009
Direção: Kathryn Bigelow. Roteiro: Mark Boal. Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pierce, Evangeline Lilly, Ralph Fiennes e David Morse.

* Texto publicado originalmente em 23/12/2009.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não gostei tanto, mas é um filme muito bem feito, com excelente direção e ótimas atuações. Mimha resenha:

http://cinemagia.wordpress.com/2010/01/07/resenhas-guerra-ao-terror/

Grande abraço
Tommy
http://cinemagia.wordpress.com

Arthur disse...

Muito Tri Esse filme!
adorei em tudo!
abraço!

Anônimo disse...

Um dos filmes mais bem feitos dos últimos anos... mas pra mim não é o melhor do ano (mas tah no TOP 5)!

http://cinemaemdvd.blogspot.com/

Rafael Carvalho disse...

Vi o filme no ano passado, mas na época não cheguei a escrever nada sobre. Agora, preciso revê-lo e reavaliá-lo. Gostei muitíssimo na época, toda a construção da tensão em torno da rotina daqueles soldados é tecida da forma mais minimalista possível. Só não acho a atuação do Renner tão excepcional assim. Talvez numa revisão mude meu conceito.