domingo, 21 de fevereiro de 2010

Um Homem Sério

Um Homem Sério é um típico filme dos irmãos Coen: cínico, sórdido, sério e divertido. Mesmo em projetos mais sérios, como o forte Onde os Fracos Não Têm Vez guarda consigo uma ironia tão grande quanto, por exemplo, a espionagem de Queime Depois de Ler ou o rapto do bebê de Arizona Nunca Mais - outros dois ótimos exemplares da filmografia dos diretores/ roteiristas. O novo longa deles, Um Homem Sério, segue a mesma linha da filmografia dos irmãos, mas com uma grande vantagem sobre os filmes anteriores: técnica.

A parte técnica do filme é fabulosa, os planos geniais (os movimentos de câmera do Bar Mitzhva ou quando Larry está no telhado, em determinado momento) mostram-se icônicos, os melhores dos irmãos Coen. A fotografia, com as cores ora coloridas, ora um pouco mais escuras do que estamos acostumado, culmina em uma cena final surpreendente, que encerra o filme perfeitamente - basta destacar também o design de som, mais uma vez muito funcional.

A atuação de Michael Stuhlbarg só ajuda. Depressivo e religioso, o homem começa a questionar a sua fé quando problemas começam a vir sem parar: a esposa pede divórcio e já está com outro homem, filhos problemáticos, parente perseguido pela polícia, uma briga com um aluno e, ainda, está para ser demitido do seu trabalho. O que é comum em diversas produções ganha um contorno muito maior com o roteiro eslaborado pelos Coen, em um texto maduro e ousado.

É óbvio que muitos não vão gostar de Um Homem Sério (particularmente, da cena final), o que é uma pena. O filme é tão profundo e reflexivo, que os detalhes são tão sutis quanto o discurso dado por um dos pastores a respeito de um dente. É uma obra sobre a decepção, sobre a amargura, da maneira mais divertida que os irmãos Coen podem oferecer ao espectador.

Um Homem Sério
A Serious Man, 2009
Direção e Roteiro Original: Joel e Ethan Coen. Elenco: Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Fred Melamed, Sari Lennick, Aaron Wolf, Jessica McManus, Peter Breitmayer, Brent Braunschweig, David Kang, Jon Kaminski Jr., Ari Hoptman, George Wyner, Michael Tezla, Simon Helberg, Adam Arkin, Fyvush Finkel, Ronal Schultz, Michael Lerner, Allen Lewis Rickman, Yelena Schmulenson e Jane Hammill.


8 comentários:

Anônimo disse...

Dos indicados que eu ainda não vi, este é o que eu mais quero ver. Ja to com ele aqui, mas to deixando pra ver na semana da premiação junto com os outros.

http://cinemaemdvd.blogspot.com/

Anônimo disse...

Ah! E eu mudei a nota do 'Quanto Mais Quente Melhor' lá no meu blog. Eu ja tava em dúvida se eu dava 4 ou 5 estrelas e eu coloquei na minha cabeça que se reclamassem eu mudaria... e tu reclamou! ahsiuahsuiahusauisuiahusia

http://cinemaemdvd.blogspot.com/

Rafael Carvalho disse...

Sensacional esse novo filme dos Coen. Ao mesmo tempo que parece tão simplório, é um filme capaz de dizer muita coisa sobre nossa sociedade e sobre esse personagem perdido em sua própria inanição. E ainda é uma irônica visão do mal que inevitavelmente vai aparecer em nossas vidas, quando menos se esperar. E a direção dos caras é primorosa. Michael Stuhlbarg está excelente no papel.

Beto disse...

Perfeitos os adjetivos para definir o filme: cínico e sórdido. Rs. Bacana ver os Coen voltando às origens.

Cristiano Contreiras disse...

Ansioso pra conferir este, parabéns por sempre manter um ótimo blog aqui! gosto bastante da forma do seu conceito de escrever.

Finalmente, add você no meu hall de blogs amigos, abs

Gustavo H.R. disse...

Virei fã dos Coen depois de rever FRACOS VEZ. Se esse novo filme é um Coens da gema, então tá no papo.

Mayara Bastos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mayara Bastos disse...

Essas premissas, principalmente com final que não esperamos são típico dos irmãos Coen. Estou curiosa por este filme, ainda mais pela indicação-surpresa ao Oscar.

Beijos! ;)