segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

vício frenético



O longa original, de Abel Ferrara, trazia Harvey Keitel na sua melhor atuação - e o diretor em melhor forma. Coincidentemente, esta refilmagem também traz um ator no melhor papel de sua carreira, rodeada por blockbusters e dramas: Nicolas Cage. E este Vício Frenético acabou se revelando ainda melhor do que aquele comandado por Ferrara (que é muito bom, diga-se de passagem).

A história de Terence (Cage) inicia quando este descobre que, após um caso, ficará com dores nas costas, provavelmente, pelo resto da vida. Após um incidente com alguns sul-africanos em uma New Orleans pós-Katrina (em 2005), ele tem que investigar o caso, cercado por traficantes e pessoas cada vez mais desonestas (incluindo ele). Se não bastasse todos os problemas dentro do serviço, Terence ainda tem que enfrentar o problema de sua namorada ser uma espécie de prostituta de luxo (Eva Mendes) e tentar lidar com o pai alcoólatra (Tom Bower).

Nicolas Cage usa os seus maneirismos habituais a seu favor na construção de Terence. Seu exagero, que por muito o atrapalhou em sua carreira, dá lugar a um personagem complexo, auto-destrutivo, corrupto, infeliz e, ainda assim, acaba fazendo com que o espectador torça para ele. Mesmo após abusar da namorada de um rapaz em sua frente ou torturar uma velhinha para conseguir a informação que precisa. Cage, que sempre escolheu os projetos pelos personagens - e muito raramente pela qualidade do filme - foi extremamente feliz dessa vez, mostrando que ainda tem potencial para ser um bom ator.

O resto do elenco, muioto pouco pode fazer, mas todos se saem bem. Jennifer Coolidge aproveita cada cena em que aparece na tela, ao passo que Val Kilmer e Michael Shannon conseguem tirar proveito da situação e constrói o pouco que conseguem de seus personagens. Eva Mendes, lindíssima, sabe que tem muito a aprender, mas se sai bem com o tempo que lhe sobra na tela; enquanto Brad Dourif diverte com o seu.

Com um trabalho mais convencional do que seus projetos anteriores, Herzog ainda tira alguns planos cuirosos, como utilizar um plano fechado em uma iguana ou o rosto de um crocodilo, nos mostrando as ilusões de Terence. Como também na cena em que a alma de um homem morto está dançando para o tenente - vale destacar a atuação brilhante de Cage nesta cena, em especial. Herzog ainda com um ótimo roteiro, cujo final (que não vou revelar) é dono de uma ironia ácida sobre o seu personagem.

Contando com uma montagem esperta, Vício Frenético revela-se uma comédia de humor negro que há muito não se via. É um daqueles projetos que parecem ter sido roteirizado pelos irmãos Coen (especialista nesse tipo de filme). Mas dirigido por um mestre do cinema mundial.

Vício Frenético
The Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, 2009
Direção: Werner Herzog. Roteiro Adaptado: William M. Finkelstein. Elenco: Nicolas Cage, Eva Mendes, Val Kilmer, Jennifer Coolidge, Brad Dourif, Michael Shannon, Xzibit, Tom Bower, Shawn Hatosy e Shea Whigham.

7 comentários:

Luis Galvão disse...

CAraca, eu ODEIO o Cage, mas todo mundo tá falando tão bem desse filme que eu vou até vê.

Wallace Andrioli Guedes disse...

Cage tá alucinado nesse filme. Acho que é a melhor interpretação da carreira dele. Absolutamente genial. Só não sei se o filme é melhor que o do Ferrara. O tom de cada um deles é bem diferente, não consigo dizer qual é o melhor. Adoro ambos.
Ah, e a cena da alma dançando é brilhante!

Anônimo disse...

Werner é um excelente diretor que ja esteve em melhores momentos de sua carreira, mas nao posso deixar de expressar a minha curiosidade em conferir este filme, diante de todas as criticas positivas que venho lendo.

http://cinemaemdvd.blogspot.com/

Anderson Siqueira disse...

Verei semana que vem. Animei ainda mais depois das suas palavras.
=]

Unknown disse...

“Vício frenético”

O original, de 1992, é um dos pesadelos tresloucados que fizeram os momentos altos da trajetória do junkie Abel Ferrara, com Harvey Keitel corajosamente exposto no papel do policial viciado que afunda durante uma investigação.
A refilmagem de Werner Herzog é típica encomenda de estúdio, na qual o diretor recebeu funções apenas burocráticas, aclimatando-se nos EUA, onde passou a residir há pouco. Mas o alemão adicionou humor ao clima sombrio e desesperado de Ferrara, além de transportar a ação para a Nova Orleans pós-Katrina. Nicolas Cage imprime cinismo e simpatia a seu personagem, reforçando uma crítica às instituições policiais que a tragédia pessoal diluía.
Não se trata, portanto, dessas nefastas refilmagens hollywoodianas, originadas no esgotamento criativo e na falta de escrúpulos. É outro filme, embora partindo das mesmas premissas. E Herzog, um dos maiores cineastas vivos, como já disse aqui, mesmo quando se dedica a garantir o leitinho das crianças, está quilômetros acima do padrão mediano dessa indústria movida a reciclagens.

Alex Sandro Alves disse...

Nicolas Cage exagerado como sempre, mas finalmente num personagem que lhe permite ter uma interpretação deste tipo. Eva Mendes sexy como sempre. E só. O pequeno e sem importância alguma papel de Val Kilmer é uma prova que seu estrelato acabou a muito tempo. Saudades dos tempos de 'The Doors' e 'Tombstone'. O filme é difícil, o clima deprimente, o ritmo é irregular, a história é desagradável, mas que saber?, o longa é surpreendentemente bom.

Anônimo disse...

VAI APRENDER A ESCREVER UMA CRÍTICA!
MUITO RUIM O QUE TU ESCREVEU!
BUNDÃO!