quarta-feira, 3 de junho de 2009

atrasos

Milk - A Voz da Igualdade, de Gus Van Sant
Gus Van Sant é um dos poucos dietores que tem coragem de enfrentar Hollywood. Ao lado de Ang Lee, Sant reúne um elenco estelar para contar um drama sobre homossexualismo, preconceito e ainda por cima, político. Sean Penn com uma excelente performance, rica na construção de seu personagem, abre espaço também para um ótimo James Franco e um cada vez melhor Emile Hirsch. Outro grande destaque é para o ótimo roteiro de Dustin Lance Black, que desvia a atenção de um thriller político para um drama tão, mas tão forte emocionalmente, que a única decepção diz respeito ao seu ato final - que não consegue emocionar o suficiente. Ainda assim, Milk é, sem dúvidas, um dos melhores filmes desse primeiro semestre de 2009.

Simplesmente Feliz, de Mike Leigh
Simplesmente Feliz é uma produção simpática, não passa disso. Leigh não parece preocupado em criar uma história propriamente dita, preferindo mostrar-nos que a personagem de Sally Hawkins é uma pessoa que está sempre feliz, não importa o quanto a situação está feia e que ela é uma soldado contra o mundo de hoje em dia. Apenas isso. O que parefe limitao para Leigh, é o suficiente para que Hawkins nos entregue uma ótima performance, digna de prêmios - e é uma pena que a sua indicação ao Oscar foi esnobada.

The Spirit - O Filme, de Frank Miller
Eu realmente pensei em não escrever nada da produção, mas enfim, vou falar: é insultante a maneira como Spirit foi feito. Querendo passar a mesma complexidade que envolvia Sin City, misturando algumas cenas de humor insuportáveis, este Spirit deveria levar o diretor Frank Miller à seguinte pergunta: "será que devo parar com o cinema e continuar a escrever, que é algo que eu sei fazer?". Aí, quando ele finalmente achar a resposta, deveria se desculpar por insultar um personagem legal dos quadrinhos - eu me divirto lendo os quadrinhos de Spirit, e eles nem são uma maravilha como Sin City. No entanto, temos que dar créditos para o elenco feminino, mais precisamente para a linda Eva Mendes, que prende a atenção toda. Fora isso, uma Johansson sem saber o que fazer e uma Sarah Paulson fazendo o possível com sua personagem ultra-clichê - porém a outra única coisa boa do filme.

O Visitante, de Thomas McCarthy
Richard Jenkins merecia há tempos o seu espaço. Apesar de sua ótima participação em Six Feet Under (que série boa!), o ator ainda agia como coadjuvantes, à la Jim Broadbent (eu acho os dois muito parecidos, tinha que mencionar de alguma forma). O Visitante não é um ótimo filme, mas é uma boa obra. Completa. Está tudo ali. Redenção, amizade, amor, recomeço... Lições que são aprendidas ora naturalmente, ora forçada. O grande mérito do filme vai, naturalmente, para Jenkins, em uma performance sensível, calma e comovente. E ainda assim, consegue mostrar a complexidade do seu personagem.

6 comentários:

Wallace Andrioli Guedes disse...

Todos filmes que eu queria muito ter visto, mas, devido a correria, só consegui ver MILK, que acho maravilhoso. Sean Penn é um monstro, e mereceu seu segundo Oscar, por mais que eu quisesse que o prêmio fosse dividido com o Rourke. Dos indicados a melhor filme que assisti, MILK é o melhor.

Caio Coletti disse...

Hmm, uma série de filmes interessantes aí... Sou fã de gus Van Sant, acho que o homem é um mago com a câmera, um dos diretores mais competentes em climatizar suas obras... ainda não vi "Milk", mas promete ser um show de Sean Penn. "Simplesmente Feliz", acho que é um filme feito para mostrar uma filosofia, não necessariamente contar uma história. Sally Hawkins promete uma grande carreira pela frente. "Spirit", caso clássico de estilo acima de conteúdo... mas quem sabe Miller não aprende o ofício aos poucos? Não custa nada dar uma chance a ele, muitos grandes cineastas de hoje começaram com tropeços homéricos na carreira. Que o diga Curtis Hanson, hoje um gênio, ontem um pária com seu anti-suspense de "A Mão que Balança o Berço".

Enfim, abraço. rs
E obrigado pelos elogios... se o a cobertura é completa é porque o festival merece.

Gustavo disse...

SIMPLESMENTE FELIZ era um dos que eu mais gostaria de ter visto do ano passado, fico decepcionado ao ler que não é tudo isso que falavam (mas também não seria a primeira vez que superestimam um filme de Leigh).

Já SPIRIT, desde as primeiras fotos, parecia ruim demais; MILK e VISITOR, por serem "de prestígio" artístico, estão na lista de próximas sessões.

Anderson Siqueira disse...

MILK - A VOZ DA IGUALDADE chegou aos cinemas brasileiros com muita expectativa por parte do público. Isso devido aos prêmios que recebeu mundo afora e por abordar um tema polêmico: a homossexualidade.

E atendeu bem a sua proposta de biografia de um dos políticos mais marcantes na história dos Estados Unidos. Sean Penn (21 GRAMAS) foi o escolhido pelo diretor Gus Van Sant (ELEFANTE) para viver Harvey Milk, primeiro candidato gay oficialmente eleito no estado da Califórnia, o protagonista da história. Com um papel forte e marcante, Penn fez por merecer e elevou qualitativamente a película.

Outro destaque foi Emile Hirsch (SPEED RACER). O jovem vem crescendo no cinema. Após ALPHA DOG e NA NATUREZA SELVAGEM, Hirsch está muito bem em mais um filme. A presença dele faz toda a diferença e serve como pilar de sustentação do personagem principal.

Falando um pouquinho do roteiro, o filme começa bem, com cenas rais da época - por volta dos anos 1970 - mas depois cansa o espectador pela dureção excessiva. O autor da adaptação foi Dustin Lance Black. A narração é boa e a montagem também, mas nem só de técnica vive um filme. A equipe de produção, composta por Bruce Cohen (OS ESQUECIDOS), Dan Jinks (PEIXE GRANDE E SUAS HISTÓRIAS MARAVILHOSAS) e Michael London (VIVENDO E APRENDENDO), fez a sua parte e primou principalmente nos detalhes de cada cena.

Em sua, MILK - A VOZ DA IGUALDADE é um bom filme, que acrescenta culturalmente, mas que acaba cansando pela monotonia da história e pela duração excessiva.

SORO: trilha sonora; Sean Pean; montagem; fotografia; Emile Hirsch.

VENENO: duração.

NOTA (0 a 5): 4
****

Anderson Siqueira disse...

O diretor e roteirista Frank Miller (SIN CITY - A CIDADE DO PECADO) está de volta com mais um filme bem ao seu estilo. Baseado nas histórias em quadrinhos de Will Eisner, Miller construiu uma história complexa e vaga ao mesmo tempo. Piadinhas fora de hora e o excesso de diálogos sarcásticos fizeram do roteiro um carnaval bizarro. Já as analogias e abstrações do roteiro foram benéficas.

THE SPIRIT - O FILME, assim como o filme anterior de Miller é plastico, mas ao contrário de SIM CITY, a fórmula não funciona e acaba caindo na mesmice, sem falar que várias cenas são extremamente forçadas devido principalmente aos recursos tecnológicos utilizados pela produção e pós produção do longa.

As atuações são medíocres com exceção de Samuel L. Jackson (JUMPER), que está muito bem. Num papel cômico e eclético. O protagonista, vivido por Gabriel Macht (O BOM PASTOR), teve uma interpretação limitada e fica evidente que ele perdeu uma grande chance na carreira. A maquiagem e o figurino são pontos fortes da produção. A arte também merece destaque ao lado do som. Há várias semelhanças com a técnica e também com o roteiro de V DE VINGANÇA e MAX PAYNE.

SORO: produção; arte; som; Samuel L. Jackson.

VENENO: roteiro; montagem.

NOTA (0 a 5): 3
***

Rafael Carvalho disse...

Vejo Milk como uma grande surpresa do Van Sant que retorna ao cinema mais comercial, mais clássico depois de uma série de filmes mais alternativos; e é um retorno à altura de seu talento. O filme é sem exageros e não trata o tema da homessualidade de forma autopiedosa e impositiva. Sean Penn mostra mais uma vez porque ele é O Sean Penn.

Já eu gosto bastante de Simplesmente Feliz, filme estranho tanto por vir de um diretor de dramas pesados quanto pelo fato de ter uma protagionista extremamente... alegre, simples assim. Hawks está soberba assim como o coadjuvante Eddie Marsan, e a direção do Leigh é na medida certa.

De verdade, The Spirit é uma merda, totalmente confuso e sem foco. Eva Mendes, quem diria, é mesmo a melhor em cena. Samuel L. Jackson é puro desperdício!

Já o Visitante é mesmo bem bom e trata de uma qeustão bastante pertinente sobre os dramas dos imigrantes ilegais, embora esse não seja todo o foco do filme, que podia muito bem cair no clichê da autopiedade, mas sabe se desviar dos lugares-comuns. Jenkins está inspiradíssimo.