quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

o curioso caso de benjamin button

Falar do filme divisor de críticos internacionalmente é complicado. Comparações foram feitas incansavelmentes com Forrest Gump, já que o roteirista, Eric Roth, é o mesmo do filme estrelado por Tom Hanks. E eu não sou fã daquela produção. Não vejo nada de tão excelente; muito pelo contrário, acho chato e pretensioso demais. Com isso, naturalmente era para eu já ficar com um pé atrás com Benjamin Button. Até porque tem muitas semelhanças com o Gump, como estrutura ou os personagens marcantes que ele vai encontrando no meio do caminho. Eu teria muito o que reclamar, mas não há outra palavra que eu possa descrever O Curioso Caso de Banjamin Button a não ser: fábula.

Uma linda fábula sobre amor, sobre tempo, sobre as pessoas que encontramos em nosso caminho e sobre o que elas acabam nos ensinando de uma maneira ou outra. Há a metáfora acertadíssima do relógio que anda para trás; o velho que foi atingido 7 vezes por raios; a mulher com medo de envelhecer; o capitão com mágoas pelo pai; o pigmeu contador de histórias; e, claro, Benjamin Button. Um homem singular, Button nasceu em circunstâncias complicadas: sua mãe morreu ao dar a luz e como um recém-nascido tinha idade corporal de um velho, além de ser abandonado pelo pai.

É criado por Queenie, uma mulher que nasceu para ser mãe. Aliás, os dois personagens tem um entrosamento tão natural, tão saudável, que chega a dar saudades de vê-los juntos novamente em certo momento da projeção. Já a mulher que se apaixona por Button é um caso a parte. Daisy enelhece naturalmente a medida que os anos passos, e cada passo que ela dá vai descobrindo coisas com a idade; coisas que Benjamin não conseguiu aprender, já que ao invés de envelhecer, rejuvenesce. Estes contra-pontos vão fazendo a união de ambos, a aproximação e culminando em um amor.

O amor que os dois sentem um pelo outro - vai crescendo cada vez mais e mais - vai sustentando a relação. Até o ponto em que Benjamin percebe que não vai mais envelhecer e também carrega a dor de ver todos envelhecendo e morrendo perante seus olhos. Interpretado brilhantemente por Brad Pitt, Benjamin Button é um homem que vai conquistando o espectador a cada instante, seja nos momentos de pouco humor ou nos momentos mais dramáticos. Além do mais, a sua química com Cate Blanchett (já esteve melhor em outros filmes) ou com Tilda Swinton ou com Taraji P. Henson é excelente.

A parte técnica do longa é primorosa. Desde a sua espetacular direção de arte até os efeitos visuais, contando com a maquiagem, o filme é um prato cheio de acertos. Ela é feita com todos os cuidados, detalhadamente, como por exemplo a de Brad Pitt mais jovem ou mais velho E até mesmo com Cate Blanchett, quando mais velha, não vem exagerada e perfeitamente trabalhada. Algo que não soa falso e que é fundamental para o filme.

O Curioso Caso de Benjamin Button não conta com aquela direção pesada e original de David Fincher. É o seu projeto menos ambisioso, mas nem por isso seu pior. Ele decidiu mostrar seu lado mais emocional - e isso necessariamente nem sempre é ruim.

O Curioso Caso de Benjamin Button
The Curious Case of Benjamin Button, 2008
Direção: David Fincher. Roteiro Adaptado: Eric Roth e Robin Swicord. Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Tilda Swinton, Taraji P. Henson e Jason Flemyng.

2 comentários:

Wallace Andrioli Guedes disse...

Pois é, Diego, concordo contigo em muitas coisas: o Pitt tá ótimo, a Blanchett também (apesar de já ter tido desempenhos muito melhores); os melhores momentos do filme são quando o casal está junto, quando compreendemos e sentimos o amor dos dois, e também os momentos com Tilda Swinton; todas as metáforas citadas também funcionam muito bem; e a parte técnica é invejável.
No entanto, como disse no meu texto, esperava uma maior ousadia de Fincher e, ao mesmo tempo, uma maior simplicidade na condução da trama. É que eu li o conto do Fitzgerald, e é encatador justamente por ter esse caráter de fábula mais acentuado, de uma pequena história. Acho o filme muito tradicional e muito grandioso.
Mas é belo, de qualquer forma. E adoro Forrest Gump!

Rafael Carvalho disse...

Então Diego, o tom fabular é o grande charme do filme, mais por mérito do conto do Fitzgerald, embora o roteirista tenha aumentado a história. Muita coisa funciona no filme, principalmente a relação do Benjamim com os outros personagens, todos muito ricos. Os quesitos técnicos também são caprichadíssimos. Mas existe aquela tentativa de parecer sempre emocionante, de atualizar o texto, o que acaba gerando fáceis clichês, como a leitura do diário e a descoberta feita pela filha de Daisy. E me deixe discordar de você quanto ao Brad Pitt, tão apagadinho no filme. Não compromete, mas também não surpreende. Já a Blanchett é uma delícia de assistir.