Os Melhores (e piores!) de 2009

2009 acabou. E já vai tarde. Agora é esquecer o ano e começar com o pé esquerdo este 2010. Para o cinema o ano foi bom, gostei de muitos dos filmes que estrearam no circuito. Assisti um pouco mais de 300 longas-metragens no ano, comentei sobre 56 filmes no blog (um pequeno recorde pessoal), teve no mínimo quatro ou cinco obras-primas e os filmes ruins, estes foram ruins mesmo. Entretanto, teve ainda Avatar e a sua revolução no modo de fazer cinema, a volta de Tarantino, o filme de vampiros Deixa Ela Entrar, Clint Eastwood, enfim...

Quero agradecer a todos que acompanharam o Cinemania nesse ano, os que comentaram, os que me xingaram no comentário de Lua Nova (voltem para Eclipse). Espero vocês este ano também. E que venham mais e mais filmes bons nesta nova década que se inicia

Clique aqui para continuar lendo e ver quais são os meus melhores e piores filmes do ano.

Antes de anunciar meus 20 filmes preferidos de 2009, vamos à lista dos piores:

 10 Piores Filmes de 2009

10. Jogo Entre Ladrões

de Mimi Leder

Quem tem um mínimo de conhecimento de cinema, ou já viu uns três ou quatro longas sobre crimes (ou a trilogia Onze Homens e um Segredo), já vai adivinhar o resto da trama desde os primeiros minutos iniciais. Aí não tem nem graça assistir a Jogo Entre Ladrões, já que ele tenta, a todo o custo, construir algo inteligente. Mas o que o longa acaba fazendo é subestimar a inteligência do espectador, e isso nunca é bom.

9. Lua Nova

de Chris Weitz

Uma tentativa frustrada de juntar os elementos mitológicos criados pela escritora do livro, gerando cenas constrangedoras. Tive vergonha pelos atores - principalmente pela ineficiência de Robert Pattinson em comover o epsectador.

8. Dragonball: Evolution

de James Wong

Durante quase uma hora e meia não sabemos extamente o por quê de estarem todos lutanto. Só sabemos que alguém quer invadir o mundo, pegar as esferas e se tornar o cara mais poderoso de todos. Não tem nada da essência do anime e os personagens são o que menos importa por aqui.

7. Os Normais 2: A Noite Mais Louca

de José Alvarenga Júnior

Um roteiro vazio. Sem graça. Piadas ultrapassadas. O anterior nem era tão inteligente, mas seus protagonistas (especialmente Fernanda Torres) sabiam o que estavam fazendo, fora as participações que eram boas (Marisa Orth, em especial). Nesta seqüência nada funciona. Nem as atuações (Torres está constrangedora como nunca havia sido), nem as participações (nenhuma dá certo).

6. Matadores de Vampiras Lésbicas

de Phyl Claydon

O filme tinha tudo para ser divertido. Uma espécie de ode ao cinema trash. Mas não. Eles tentam fazer uma histórinha, com todos os clichês possíveis, amarrados a mesma forma que qualquer outra comédia, sem graça alguma. Os atores, péssimos. Se tivessem apelado para as mulheres... Nem isso conseguiram fazer direito.

5. Alma Perdida

de David S. Goyer

Não há nada de original em Alma Perdida. Uma junção de todos os clichês dos filmes de terror ou suspense sobrenatural construídos a partir de uma base que não se sustenta nem com os atores, até mesmo Gary Oldman se aventurou por aqui.

4. The Spirit: O Filme

de Frank Miller

Frank Miller mostra toda a sua inexperiência com o cinema, ajudando apenas para acrescentar personagens e mais personagens ao seu circo de horrores particular. Eva Mendes se sobressai na fita, mas não tem como não rir do péssimo roteiro e da desgraça dos atores..

3. Dia dos Namorados Macabro em 3D

de Patrick Lussier

Uma tentativa frustrada de assutar em 3D. Os atores parecem amadores e o filme parece intencionalmente gravado para aqueles videos divertidos do You Tube (como o Assassino Lento da Colher).

2. Transformers: A Vingança dos Derrotados

de Michael Bay

Se Michael Bay se aposentasse amanhã, talvez ele estaria fazendo um grande favor a todos. A sua incompetência de filmar se mostra desde as cenas iniciais e a ação, chatissima, com cortes mais rápidos que o Flash em uma corrida de 1 metro. A única coisa coerente que Bay fez em Transformers foi mostrar Megan Fox semi-nua na maior parte do tempo - no próximo, só mesmo se ela estiver completamente nua para eu ficar até o final.

1. Gamer

de Mark Neveldine e Brian Taylor

Ação desenfreada, atores talentosíssimos, história inteligente. Assista a Gamer. Nooot. Atores do escalão de Gerard Butler (que desde 300 atua em qualquer filme) e Michael C. Hall (da série Dexter), em uma trama ridícula, um visual sem noção do ridículo, tentando ser original, é muito constrangedor. E C. Hall, um dos atores mais talentosos dos últimos anos, embarcou em uma verdadeira furada. Seria melhor se ele tivesse encarnado o Dexter e matado todo mundo.

E ainda (ordem alfabética): 9 - A Salvação, Austrália, Abraços Partidos, Brüno, O Dia Em Que a Terra Parou, O Exterminador do Futuro: A Salvação, Um Faz de Conta Que Acontece, Um Louco Apaixonado, Noivas em Guerra, Passageiros, Sete Vidas, Veronika Decide Morrer e X-Men Origens: Wolverine.

E agora, a minha lista dos favoritos do ano:

20 Melhores Filmes de 2009

 20. Avatar

de James Cameron

É tão bom sentir prazer de ir ao cinema outra vez, embarcando na experiência mais fantástica que já presenciei nas telonas.

19. O Equilibrista

de James Marsh

O quanto podemos arriscar para perseguir os nossos sonhos? Seja na França, em Nova York, apostar as nossas fichas pode valer a pena.

18. Inimigos Públicos

de Michael Mann

Johnny Depp e Marion Cottilard em uma homenagem aos gênero gângster em uma produção caprichada, com uma reconstrução ótima de época e uma fotografia digna de Michael Mann.

17. A Garota Ideal

de Craig Gillespie

Melancólico, mas nunca triste. Uma comédia que não é engraçada. Um roteiro tão bem escrito focado em uma situação que renderia tantas piadas (os irmãos Wayans adaptariam a premissa para uma comédia rapidamente), resolve investir no protagonista, construindo um painel sobre o personagem de Gosling (ótimo).

16. Foi Apenas um Sonho

de Sam Mendes

Ver os dois atores de Titanic juntos novamente pode ser um golpe de publicidade esperto, mas ao contrário do que podemos pensar, é ótimo apreciar a evolução de Kate Winslet e Leornardo DiCaprio. Ele, cada vez melhor; já ela, é sempre hábil ao compor uma personagem. E sua atuação em Foi Apenas um Sonho merecia muito mais uma estatueta do que aquela vista em O Leitor.

 15. Arrasta-me Para o Inferno

de Sam Raimi

A hora do pesadelo voltou. Sam Raimi em sua melhor forma comanda um dos terrores mais divertidos dos últimos tempos. Uma homenagem ao cinema trash, ao terror clássico e, ainda assim, consegue um espaço para alfinetar o capitalismo. Allison Lohman é a nova rainha dos gritos!

14. O Fantástico Sr. Raposo

de Wes Anderson

Wes Anderson é um diretor único. Tem sua própria maneira de enxergar as coisas. Em O Fantástico Sr. Raposo, o diretor retoma a experiência familiar em uma fábula divertida e bem feita, com um humor próprio.

 

13. Se Nada Mais Der Certo

de José Eduardo Belmonte

José Eduardo Belmonte cria um filme que não tem medo de ser autoral, aliás, completamente autoral. E é graças a ousadia do cineasta que os personagens vivem uma complexidade em um mundo marginal e sem futuro, conduzidos pela vida, pelo tempo. As atuações são um show à parte, destacando a não tão conhecida Carolina Abras e um surpreendente Cauã Reymond.

 

12. Há Muito Tempo Que Te Amo

 de Phillipe Claudel

Uma atuação impressionante de Kristin Scott Thomas engrena este drama francês, um dos grandes destaques de 2009. Angústia, sofrimento, depressão, são todos elementos abordados pelo cineasta Phillipe Claudel. As atenções, claro, são voltadas para a atuação arrebatadora de Thomas.

  11. Aquele Querido Mês de Agosto

de Miguel Gomes 

É tão bom ver o cinema português investir de peso em uma ótima produção. Um dos roteiros mais originais desse ano, Aquele Querido Mês de Agosto conta com um filme dentro de um filme. Ora documentário, ora longa de ficção,  rotiero é ambicioso o bastante para nos contar de uma maneira original a história dos habitantes de uma pequena vila portuguesa.

10. Frost/ Nixon

de Ron Howard 

Ao editar a minha lista, não acreditei que eu tinha colocado um filme de Ron Howard entre os 10 melhores. Mas não tenho como negar: Frost/Nixon é muito bom. Mostra uma maturidade nunca vista antes no diretor, que conduz habilmente o thriller político, um embate de palavras tão forte que é como se os dois concorrentes disputassem uma luta de boxe. E depois de tantas palavras, nós que acabamos saindo nocauteados.

9. Star Trek

de J.J. Abrams 

O pensamento de que teria mais um Star Trek não animava muito, mas depois de J. J. Abrams nos mostrar um mundo de universos paralelos, viagens no tempo, batalhas espaciais e uma condução de elenco brilhante, a ideia pareceu mudar. Priorizar a história e os personagens. É o que J. J. Abrams resolveu fazer. E deu tudo muito certo. Apesar do hype em torno de Avatar (merecido, claro), foi Star Trek o blockbuster do ano que me conquistou. 

 8. Entre os Muros da Escola

de Laurent Cantet 

Uma geração roubada. Crianças-problemas, professores desiludidos, tudo com um impressionante realismo, tanto no roteiro quanto nas atuações. São os jovens do mundo atual em um filme quase documental sobre a pré-adolescência.

7. A Partida

de Yojirô Takita

Um dos filmes que mais me emocionaram esse ano. Há momentos divertidos, outros nem tanto, mas todos conduzidos com uma pureza que dá gosto de ver. Simples e bonito, vale a pena principalmente pela leveza com que Takita conduz a história.

6. Loki - Arnaldo Baptista

de Paulo Henrique Fontenelli

Ascenção e declínio de um músico. Relatos da vida de um dos maiores músicos do nosso país, com uma história de vida digna de cinema. Um ótimo ritmo, trechos muito bons e músicas antológicas fazem de Loki um documentário exemplar, que deveria ser visto por todos os brasileiros - ainda há esperança para músicas decentes. Aliás, Arnaldo Baptista é uma figura interessantíssima, um músico talentoso demais para um país que não entendia as suas ideias. É uma pena.

5. Gran Torino

de Clint Eastwood 

Clint Eastwood se despede da atuação encarnando um tipo durão, algo que ele já fez várias vezes em sua trajetória no cinema, mas o faz com sentimento. O clima nostálgico do longa está presente em todos os momentos, principalmente pela história de que um aprende com o outro, que apesar de clichê, é tão bem conduzido pelo diretor. Clint se superou nessa.

4. Amantes

de James Gray 

O cinema de James Gray é um dos melhores atualmente. E Amantes parece ser mais uma unanimidade do diretor, que comanda com maestria Joaquin Phoenix (em uma de suas melhores atuações, senão a melhor) em um drama profundo, complexo, depressivo, mas nunca cansativo. O que James Gray fez aqui foi um trabalho de mestre.

 

3. Deixa Ela Entrar

 de Tomas Alfredson

O filme de vampiros do ano é protagonizado por um casal de crianças, e não de adolescentes inexpressivos e neuróticos. O sangue, o mito das criaturas da noite, tudo tão bem feito, culmina com um plano-seqüência arrebatador na piscina.

2. O Lutador

de Darren Aronofsky

A redenção, a superação e a vitória de um homem, de uma atriz e de um diretor. Rourke se redime por todos os anos em que não conseguiu atuar, com uma chance que o coloca no páreo novamente; Marisa Tomei, muito criticada quando venceu o Oscar por Meu Primo Vinny, tem a chance de entregar a sua segunda ótima atuação consecutiva (a anterior, por Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto); e o terceiro, quase sem dinheiro para fazer o filme, vence por realizar um dos melhores filmes do ano. "Nessa vida pode se perder tudo o que ama, e todos que te amam. Eu não ouço tão bem quanto antes e esqueço coisas. E não sou mais bonito quanto era, mas maldição, continuo aqui, sou Ram!"

 1. Bastardos Inglórios

de Quentin Tarantino 

Um diretor pode mudar a História? Se depender de Quentin Tarantino, pode. Bastardos Inglórios possui diálogos Tarantinescos, personagens irônicos, violência, uma ótima trilha-sonora e, principalmente, uma reconstrução de época perfeita. Cenas marcantes, ótimas atuações, tudo em seu lugar. A impressão que fica é que estamos sendo transportados para aqueles filmes da década de 40. Tarantino conseguiu... De novo!

E ainda (ordem alfabética): A Bela Junie, O Caçador, O Casamento de Rachel, Coraline e o Mundo Secreto, Desejo e Perigo (quase entrou), Eu Te Amo, Cara, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Milk - A Voz da Igualdade, Up - Altas Aventuras e Watchmen - O Filme.

Menção honrosa: Guerra ao Terror (lançado diretamente em vídeo no Brasil).

Aguardem para o Prêmio Cinemania, um pequeno Oscar pessoal. Nas próximas semanas aqui no blog. Até mais!