Mother é um dos maiores exemplos de como utilizar todos os recursos cabíveis pelo roteiro (como reviravoltas, pistas, drama familiar) sem se mostrar artificial ou tediante em um instante sequer. Além do mais, o diretor Bong Joon-ho demonstra mais uma vez a sua genialidade ao conduzir a história - algo que ele já havia feito em duas obras-primas Memórias de um Assassino e O Hospedeiro.
Ao ser acusado de assassinar uma moça local, Do-joon (Won Bin) é preso como o principal suspeito do caso e assina uma confissão. Porém, Do-joon é um adulto deficiente mental e não compreende pelo o que está sendo preso - ao passo em que ele não lembra o que aconteceu na noite do assassinato. Convencida de que seu filho não é o assassino que as pessoas estão desenhando, a mãe do título (Kim Hye-ja) começa a investigar o crime por vontade própria.
A trama toda é tão bem contruída que é impossível não notar os artifícios que a mãe utiliza para encontrar a solução do crime, questionando até mesmo os seus meios para salvar o filho. O roteiro amarra todas as tramas de uma maneira habilidosa, nunca esquecendo os fatos que ele joga na tela (como um morador de rua ou um personagem menos importante que é peça-chave no filme). Importante também mencionar que a investigação é só um plano de fundo para uma importante relação da mãe e do filho, com mais mágoas e sofrimento do que se imagina.
Hye-ja tem uma belíssima interpretação no filme, mostrando a mãe com coragem e derminação, mas sempre com aqueles olhos de mãe, um sentimento que transborda a cada cena que ela aparece. Ela agrada ao espectador logo de início, e com o decorrer do longa, não importa os meios que a personagem utliza para chegar a um resultado, ainda nos identificamos com ela e não questionamos as suas ações nem suas escolhas. Acreditamos nela.
O mesmo pode-se dizer de Won Bin como o filho. Com o olhar sempre triste, vazio, ele cria um personagem tão complexo, que nunca sabemos o que esperar. Pode ser uma explosão de fúria, ele lembrar de algo da noite ou até mesmo brigar com a mãe. É importante ressaltar que estas são características importantíssimas para o seu personagem (e principalmente no filme, já que todo os detalhes são importantes aqui). Won Bin poderia tornar Do-hoon um personagem caricato (um Forrest Gump), mas decidiu ir além; construir um homem triste, sem perspectiva na vida e, ainda, confuso com a sua própria existência.
Mother é um exercício narrativo inconfundível - e é uma pena que a Academia tenha ignorado mais uma vez um trabalho maravilhoso de Bong Joon-ho. Obrigatório para quem gosta de cinema - a ainda mais para quem, assim como eu, admira cada vez mais o cinema asiático.
Madeo, 2009
Direção: Bong Joon-ho. Roteiro Original: Bong-joon Ho e Park Eun-kyo. Elenco: Bin Won, Kim Hye-ja e Ku Jin.
7 comentários:
Estou com esse filme aqui pra ver já tem um tempinho, mas ainda não o assisti, estou priorizando os filmes do Oscar.
Mother é sensacional, pra mim o melhor filme de 2209 empatado com Inlgorious Bastards! Um crime não ter sido indicado a Melhor Filme Estrangeiro! Parabéns pelo Cinemania, topa fazer uma parceria de links ?
www.umblogdecinema.blogspot.com
Abs!
Estou a babar. Tem toda a cara de obra-prima, e os reviews que já saíram confirmam essa suspeita.
Vi no Festival do Rio, e na época considerei-o o melhor do Festival... hoje em dia já prefiro outros, como Bastardos Inglórios e A Fita Branca, mas continuo achando Mother absolutamente lindo e genial. A cena final é belíssima. E acho Bong Joon-Ho um dos grandes cineastas da atualidade.
Nossa! Parece ser muito bom. Quero ver!
http://cinemaemdvd.blogspot.com/
Incrível como esse filme cresceu tanto em minha mente depois de tê-lo visto. Tudo parece sensacional na trama, todos os detalhes e nuances dos personagens. Até as cenas que me pareceram um tanto forçadas, passaram a fazer sentido em minha cabeça. Acho que é o melhor filme do ano até então. Devo escrever alguma coisa sobre ele logo, logo.
Acabei de assistir e achei maravilhoso.Estou abalado até agora, rs.
O filme tem uma trama tão bem amarrada, coisa de relojueiro msm, incrível.
Parabéns pela crítica, achei ótima.
um abraço.
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