A Bela Junie, de Christophe Honoré
Honoré é um dos diretores que eu mais admiro nesses últimos anos. Sempre copetente, tem uma boa filmografia e o seu cinema, autoral assumido, é um dos que mais entendem as pessoas. Sempre humanas, suas obras falam dos mais variados temas, como superação ao amor, e em A Bela Junie, o diretor faz uma bela homenagem aos jovens de Paris. Mas acima de tudo, consegue se aproximar ainda mais do cinema de um outro diretor francês, Truffaut. A Bela Junie se passa dentro de uma universidade, mais focado em Junie, que chegou recentemente à capital francesa. Seu amor por um dos seus colegas é balançado justamtente quando conhece um professor, interpretado pelo parceiro de Honoré, Louis Garrel. Há também uma certa poesia, com em todos os longas de Honoré, neste filme fica com uma seqüência musical muito bem conduzida, mas o destaque fica por conta da linda Léa Seydoux. Não é o melhor do diretor (de todos, fico com Canções de Amor), mas ainda assim agrada e acabamos com um sorriso no longa Como é bom ter cineastas apaixonados por cinema fazendo filmes hoje em dia.
Entre os Muros da Escola, de Laurent Cantet
Filmes com alunos e professores são sempre um desaifio, já que é muito fácil cair na mesmice (professor não se dá bem com os alunos, professor ensina algo para os alunos e os conquistam, professor e alunos superam as diferenças e aprendem um com o outro... Portanto, é de se admirar esta pequena pérola francesa, Entre os Muros da Escola possui um dos argumentos mais inteligentes do ano: encarar as coisas como elas realmente são. Não há grupos distintos de alunos e o professor, são todos iguais, pré-adolescentes, estes desafiadores e, em um processo de auto-descoberta, agem de uma maneira surpreendente a cada instante. Também há diálogos reveladores, quando os professores conversam sobre os alunos com o objetivo de tentar ajudá-los ou mesmo a frustação de um desses com os garotos (em uma das melhores cena do filme). Uma obra sensível, que tem como objetivo mostrar que não há lados em uma escola, são todos humanos, que não estão lá para julgar, apenas para ensinar um ao outro. Afinal de contas, não é exatamente esse o objetivo da escola?
Há Tanto Tempo Que Te Amo, de Phillipe Claudel
A força do filme reside na atuação surpreendente de Kristin Scott Thomas. Sensível e melancólica, Thomas realiza por aqui uma façanha: humaniza a sua personagem de uma maneira complexa, mas magnífica. Aliás, foi por esse filme que a atriz foi ignorada no Oscar passado - deveria ter vencido, aliás. O roteiro é bastante eficaz ao desenvolver a história, mas obviamente o destaque fica para a triz, que rouba cada minuto em que aparece. O elenco de apoio também ajuda, mas o que importa mesmo é a personagem de Thomas, que tem uma história triste, pesada, que seria muito mais fácil cair em uma espécie de clichê do gênero, ou até mesmo na mesmice. Mas não. O diretor Phillipe Claudel pega pesado e faz um belíssimo retrato de uma pessoa que mal consegue viver com ela mesma, mas da maneira mais bonita o possível. É como se o diretor falasse diretamente com a personagem "é o teu filme, tua vida, fala o que tu sempre quis falar, sinta o que sempre quis sentir". E a personagem responde.
Observação: Alterei as notas para Star Trek e Foi Apenas um Sonho. A ficção-científica agora possui 5 estrelas, enquanto que o longa dirigido por Sam Mendes ficou com 4 estrelas.