segunda-feira, 30 de novembro de 2009

lua nova


2 horas! 2 horas! 2 horas! Eu gastei 2 horas da minha vida assistindo a Lua Nova, sequência da saga de sucesso Crepúsculo. O resultado? Foi ter assistido a um dos piores filmes do ano. Sem exageros. É muito, mas muito ruim. Se o filme anterior já não era bom, mas contava com um ou dois momentos - mais pela direção segura de Catherine Hardwick do que pelo resto -, este Lua Nova é fraquíssimo em todos os quesitos. Não há uma cena que salve essa produção.

Eu tentei ler as primeiras páginas de Crepúsculo, mas desisti antes de chegar na metade, de tão fraca que é a história e de tão frágeis que os personagens são. Rasos, os únicos que despertavam certo interesse era a família índio-lobisomem. De resto, nem mesmo a família vampiríca de Edward se salvava. E é ao tentar se aprofundar na mitologia que este Lua Nova erra, e feio. Em primeiro, porque a história em si é muito ruim; em segundo, porque o filme acaba testando a nossa inteligência o tempo todo; em terceiro é que ele se leva a sério; e finalmente, a direção de Chris Weitz é de uma incompetência colossal.

O roteiro é muito mal-escrito, com diálogos clichês que chegam ao extremo, principalmente vindo da boca d Edward quando se declara a Bella. E o jeito que ele resolve terminar o namoro com a garota é muito, mas muito engraçado - já fizeram a mesma coisa que ele uma dúzia de vezes no cinema. Pior mesmo é o sonho de Bella no início, ou quando Edward dá uma de Gasparzinho ao longo da projeção, mas eis que chegamos ao meu diálogo preferido do longa, que é quando Jacob explica a Bella que eles devem se separar, chegando a iniciar com um "não é você...". Mas há algo pior, como as tentativas de humor com o amigo de Bella vomitando após algumas cenas de um filme de ação...

E o filme se leva a sério. Os diálogos todos, as cenas todas, não são uma piada. Lua Nova se sai melhor justamente se fosse um filme de humor - imagine uma junção de todos os filmes a quais você já assistiu na sessão da tarde. E nem o elenco salva: Robert Pattinson é muito engraçado, porque ele quer ser um galã a todo o custo, mas suas faces são hilárias; Kristen Stewart, apesar de muito bonita, constrói a sua Bella como se ela tivesse na pré-adolescência, paranóica e muito chata - eu não conseguiria ser seu amigo - e ainda tem cenas ridículas dela querendo ação, adrenalina, ããã...; ah sim, tem o Taylor Latuner como Jacob, que está razoável. Michael Sheen e Dakota Fanning interpretam os personagens mais interessantes de Crepúsculo, até agora. O resto não tem importância.

Chegamos então àquele que é o maior problema de Lua Nova: a direção de Chris Weitz. Tudo errado. Há muito uso da câmera lenta no filme, desde as cenas de ação (constrangedoras) até um simples andar de Edward (como no início). Weitz entrega uma direção amadora, digna dos péssimos efeitos visuais do longa - já passamos dos anos 90, não?

Enfim, Lua Nova se torna um filme irritante. Mas é entendível o por quê de Crepúsculo ser tão adorado pelas jovens pré-adolescentes: é diferente e icentiva a leitura - por mais que a leitura seja de péssima qualidade, já é um começo. É um fenômeno como foi Harry Potter, mas em menores proporções - e bem pior. A impressão que dá nessas 2 horas de filme é que Lua Nova foi feito às pressas e isso nunca é bom quando se trata de cinema.

Lua Nova
The Twilight Saga: New Moon, 2009

Direção: Chris Weitz. Roteiro Adaptado: Melissa Rosenberg. Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Michael Sheen, Dakota Faning, Ashley Greene, Peter Facinelli, Elizabeth Reaser, Kellan Lutz, Nikki Reed, Jackson Rathbone, Bronson Pelletier, Alex Meraz, Kiowa Gordon, Billy Burke, Chaske Spencer, Edi Gathegi, Rachelle Lefevre, Christopher Heyerdahl, Charlie Bewley, Daniel Cudmore, Graham Greene, Anna Kendrick, Michael Welch, Christian Serratos, Gil Birmingham, Brenna Roth, Noot Seer, Jamie Campbell Bower e Justin Chon.

domingo, 22 de novembro de 2009

scorsese revisitado: gangues de nova york


Assisti a Gangues de Nova York pela primeira vez em 2002, ainda no cinema. O resultado foi insatisfatório. Mas eu tinha apenas 12 anos, eu não sabia nem quem era Martin Scorsese, mas o filme havia me deixado traumatizado. Recentemente, em uma impulsividade enorme, acabei comprando uma cópia para assistir novamente. Na realidade, fui na loja com o objetivo de comprar Taxi Driver, que estava em promoção. Esgotado. Mas eu iria sair com um Scorsese e lá estava Gangues de Nova York em promoção. Levei-o (junto com O Massacre da Serra Elétrica original).A experiência de assistir ao filme, após sete anos, foi outra.

O início já impressiona pela reconstrução da cidade de Nova York, mas vai além. A batalha, comandada com louvor por Scorsese, já faz questão de nos apresentar aos principais personagens do longa, sem enrolação: desde o garoto Amsterdam Vallon ao açougueiro interpretado por Daniel Day-Lewis, passando por John C. Reilly (que não fala nada neste início) e ao mercenário vivido por Brendan Gleeson. A batalha das gangues, esta cena inicial, tinha tudo para dar errado, com as insistentes câmeras lentas utilizadas, mas foi tudo tão bem feitinho que o realismo dado à cena foi perfeito.

A direção de arte é espetacular. Toda a reconstrução de Nova York, desde os ótimos figurinos e aos locais, todos tratados com um detalhismo singular - bastante comum em produções de Scorsese, como em A Época da Inocência ou O Aviador. O diretor é hábil em aproveitar as locações, em criar planos belíssimos e momentos marcantes. Acompanhado de uma bela trilha-sonora, Scorsese ainda consegue transformar uma simples história em algo maior, mais magnífico.

Mas ele ganhou ajuda. Daniel Day-Lewys rouba cada cena em que aparece, construindo o seu açougueiro em uma figura imponente, ora contida, ora explosiva - claro que o ator também tem uma facilidade muito grande em construir os seus personagens, explorando muito bem sua complexidade. Leonardo DiCaprio inicia aqui a parceria com o diretor, começando a dar indícios de seu talento - que pôde ser comprovado em O Aviador, anos mais tarde. E quanto ao resto do elenco, pode-se dizer que Cameron Diaz está em seu melhor papel, John C. Reilly sempre bem e Jim Broadbent chega com muita energia. Liam Neeson tem pouco tempo na tela, mas transforma seu pastor em um herói e quanto a Brendon Gleeson faz o que pode com o seu personagem, mas o resultado sai positivo.

Enfim, Gangues de Nova York me revelou o Scorsese que eu não havia visto em 2002. Naquele tempo eu não havia levado em consideração que com os pequenos detalhes, Scorsese eleva seu filme a um novo patamar. Controverso e difícil de lidar - dá para entender o motivo de quase ninguém gostar dele -, o filme já está na minha lista dos favoritos da década. E como tudo o que é bom, merece ter ainda uma segunda revisão, para eu poder dirigir este maravilhoso épico dirigido por um dos diretores mais competentes do Cinema.

Gangues de Nova York
Gangs of New York, 2002
Direção: Martin Scorsese. Roteiro Adaptado: Jay Cocks, Steven Zaillian e Keneth Lonergan. Elenco: Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewys, Cameron Diaz, Jim Broadbent, John C. Reilly, Henry Thomas, Brendon Gleeson, Roger Aston-Griffiths, Liam Carney, Stephen Graham, Gary Lewis, Gary McCormack, Liam Neeson, Cara Seymour, Dominique Vandenberg e Andrew Gallagher.

* Desculpem pela falta de posts, mas meu tempo está cada vez mais escasso. Um dos motivos também é ter me viciado em Sons of Anarchy e não ter visto muito mais filmes como via há algum tempo atrás. Mas isso vai mudar. Em que eu desperdiço R$ 5,00? Em um filme-catástrofe com efeitos visuais impressionantes e uma história previsível ou a continuação de Crepúsculo, Lua Nova, sendo que eu acho a história uma piada, o livro é mal-escrito, os atores são péssimos e os efeitos visuais são uma grande porcaria? Grande dúvida! Penso em assistir a Os Fantasmas de Scrooge mesmo... Fim do mundo, vampiros-purpurina ou Jim Carey animado?

sábado, 7 de novembro de 2009

500 Dias Com Ela



Comédia romântica é um gênero complicado, pois são poucos exemplares que saem da mesmice, alguns conseguem, de forma inventiva, acabar em um ótimo filme, como Simplesmente Amor,  Quatro Casamentos e um Funeral ou Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças; mas a grande maioria não tem a mesma sorte. E 500 Dias Com Ela merece toda a atenção possível, já que o longa consegue brincar com o gênero de uma maneira criativa e divertida.

O roteiro, escrito pela dupla Scott Neustadter e Michael H. Weber, é o principal atrativo do filme, trazendo um texto pop e inovador, brincando o tempo todo com a estrutura narrativa, nos levando de um dia para outro através dos quase dois anos de relacionamento entre Tom e Summer - até mesmo a narração é boa. Há alguns momentos marcantes, como a cena de quando todos parabenizam Tom por conseguir dormir com Summer, junto com uma divertida coreografia, com direito de até um pássarinho de desenho animado pousar no seu ombro.

Mas isso só funciona graças a escolha acertadíssima do elenco Se Zooey Deschanel estava um pouco preguiçosa nas produções anteriores, ela finalmente se solta, jogando até um pouco de complexidade em sua Summer. Mas isso não seria nada se a química com Joseph Gordon-Levitt - extremamente carismático no papel - não fosse perfeita. Os dois formam um casal adorável, conquistando o público quase de imediato. Some ainda a direção leve de Marc Webb e uma deliciosa trilha-sonora. O resultado é um dos filmes mais bonitos do ano.

500 Dias Com Ela
(500) Days of Summer, 2009
Direção: Marc Webb. Roteiro Original: Scott Neustadter e Michael H. Weber. Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Geoffrey Arend, Chloe Moretz, Matthew Gray Gubler, Clark Greg, Patricia Belcher, Rachel Boston e Mika Kelly.