quinta-feira, 30 de julho de 2009

três animes cinco estrelas

Meu Amigo Totoro/ Meu Vizinho Totoro, de Hayao Miyazaki (1988)
É aqui onde Miyazaki toma rédeas da fantasia e a controla um pouco, tecendo uma história sobre família, transformando seu pequeno projeto em uma obra-prima da animação. Totoro é, talvez, o personagem mais antológico de toda a filmografia do diretor, dando um tom ainda mais empolgante para um mundo fantástico bem ao lado da casa de Satsuki e Mei. O filme acaba sendo uma releitura de nossa infância, dos nossos sonhos em conhecer novos mundos, de seres fantásticos e tudo o mais que somente o mundo de Hayao Miyazaki pode nos oferecer.

O Túmulo dos Vagalumes, de Isao Takahata (1988)
Essa animação japonesa simplesmente é devastadora. Um retrato triste e violento do Japão na segunda guerra mundial, sob a ótica de dois irmãos. Com sua cidade queimada e a mãe morta, o garoto Seita se vê obrigado a tomar conta da pequena Setsuko, sua irmã mais nova, enquanto o pai enfrenta a guerra na marinha japonesa. A luta para os dois sobreviverem é emocionante e é impossível não nos importarmos com aqueles dois personagens, nem escorrer lágrimas nas cenas finais. A violência em Túmulo dos Vagalumes não é física, é muito maior que isso. É uma mistura de todos os sentimentos como abandono, rejeição e exploração de uma sociedade temente a guerra. Onde a bondade desaparece e o egoísmo toma conta. É um dos melhores filmes que tive a oportunidade de assistir. E pensar que filmes e mais filmes sobre guerra são feitos, mas nenhum me passou uma sensação de mal-estar, um sentimento ruim, como este. O Túmulo dos Vagalumes é uma animação obrigatória.

A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki (2001)
Vencedor do Oscar de animação merecidíssimo, A Viagem de Chihiro é onde Miyazaki deixa a fantasia correr solta. Porém, tudo muito equilibrado, tudo muito bonito. É o mais belo filme do diretor, com as imagens mais poéticas que ele já criou. A jornada do auto-descobrimento de Chihiro ao longo do mundo espiritual é fascinante e o longa tem um dos roteiros mais bem-feitos no que diz respeito a animação. Além, claro, toda a magia do mundo espiritual, suas cores e os personagens - que tem até mesmo a participação de Totoro por alguns segundos. O mérito vai para Miyazaki, que comprova seu talento fora do normal para compor história fantásticas e criativas. Ao lado de Meu Amigo Totoro, o meu favorito do diretor.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

a era do gelo 3: não derrete tão cedo!

Os longas anteriores de A Era do Gelo são divertidos, apenas bons para passar um tempo. O segundo (ainda o meu favorito da série) não tratava de tentar criar uma história envolvente ou original, coisa que o primeiro fracassou, e se apresentava como uma continuação centrada nos protagonistas de uma maneira leve e descontraída. Portanto, após todo o sucesso que o segundo filme alcançou, era inevitável um terceiro.

Como qualquer franquia de animação computadorizada hoje em dia, este novo longa da série possui inúmeras referências a outras produções, situações divertidas e uma história qualquer como pano de fundo. Mas até que funcionou envolver os dinossauros na história. Até porque os bebês T-Rex são alguns dos novos personagens que mais funcionam no filme. Ao lado dos gambásinhos apresentados no segundo longa, o destaque também vai para Buck, uma doninha caçadora de dinossauros que ajuda Manny, Diego e Ellie a resgatar Sid no mundo perdido. É claro que o personagem mais engraçado do longa é, como nos outros, o Scrat. O esquilinho e a sua nova parceira são os que mais arrancam risadas - e a química com Scratte foi um acerto do roteiro.

Na dublagem em português, com exceção de Cláudia Jimenez (pouco a vontade) todos os outros estão ótimos. Diogo Vilela e Márcio Garcia mostram uma incrível evolução dos longas anteriores, enquanto Tadeu Mello continua sendo a escolha ideal para Sid. Quanto aos efeitos em 3D, poderiam ter sido melhores. Provavelmente no quarto eles dão mais ênfase nisso. Sim, eu digo quarto pois a franquia de A Era do Gelo não vai derreter tão cedo.

A Era do Gelo 3
Ice Age: Dawn of the Dinossaurs, 2009
Direção: Carlos Saldanha. Roteiro Adaptado: Michael Berg, Peter Ackerman, Mike Reiss e Yoni Brenner. Vozes originais de: John Leguizamo, Denis Leary, Ray Romano, Queen Latifah, Simon Pegg, Sean William Scott, Josh Peck, Chris Wedge e Karen Disher. Vozes na versão brasileira de: Tadeu Mello, Diogo Vilela, Márcio Garcia, Cláudia Jimenez e Alexandre Moreno.

domingo, 26 de julho de 2009

sessão retrô: os goonies

A Sessão Retrô vai passar a analisar algumas pérolas que marcaram gerações. Toda a semana. Para início de conversa: Os Goonies, de Richard Donner.

Os nomes nos créditos já dão o que falar: com história de Steven Spielberg e roteiro de Chris Columbus, o filme é ainda dirigido por Richard Donner - um dos cineastas mais importantes da década de 80. Em 1985, Donner faria esta pequena jóia do cinema, talvez a maior aventura infanto-juvenil de todos os tempos. Um filme completo, que mexeu com a infância de milhares de pessoas. Mas tudo isso graças ao incrível carisma dos personagens.

Sean Astin e Josh Brolin interpretam os irmãos Mikey e Brand, que estão prestes a perder a sua casa. Completam a turma dos goonies Jeff Cohen interpretando Chunk, Corey Feldman (que provavelmente vai voltar pra essa sessão) como Mounth e Jonathan Ke Quan como Data. O mais interessante em Os Goonies é que a turma toda aparenta ser o mais clichê possível, mas ao mesmo tempo os seus atores são tão carismáticos e as decisões tomadas pelo grupo são tão naturais que tudo fica mais divertido. Temos o corajoso (Mikey), o irmão mais velho metido a macho (Brand), o engraçado do grupo (Mouth), o gordinho medroso (Chunk) e o nerdzinho metido a inventor (Data).

Completam a turma as garotas Andy (Kerri Green) e Stef (Martha Plimpton). Tem até mesmo o cara mais velho que rivaliza Andy com Brand. Mas e aí? É anos 80. O filme mexe totalmente com a fantasia de uma maneira encantadora. Qual criança nunca gostou de brincar de caça ao tesouro, tentando desvendar pistas e tudo o mais? É a infância que todos vimos na sessão da tarde. Está tudo lá. A descoberta do primeiro beijo, os bandidos, Sloth (John Matuszak), o tesouro perdido, a amizade e a união da turma.

Os Goonies é um filme que marcou infância e adolescência de muitos, sem efeitos visuais desses exagerados que vemos hoje em dia. Referência sempre no mundo pop, com a melhor música de Cindy Lauper, é uma aventura simples, divertida e inventiva. Com certeza, é a maior aventura infanto-juvenil já realizada até hoje. Qualquer criança que assiste se identifica ao menos com um dos personagens. Ou simplesmente o sonho de viver uma aventura e deixar a imaginação rolar solta, escolha o que preferir.

Os Goonies
The Goonies, 1985
Direção: Richard Donner. Roteiro Adaptado: Chris Columbus. Elenco: Sean Astin, Josh Brolin, Corey Feldman, Jeff Cohen, Jonathan Ke Quan, Kerri Green, Martha Plimpton, John Matuszak, Robert Davi, Joe Pantoliano, Anne Ramsey, Lupe Ontiveros, Mary Ellen Trainor, Keith Walker e Paul Tuerpe.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

a garota ideal

A Garota Ideal fala de vários temas, como solidão, desilusão e infelicidade. A história é sobre um homem que começa a namorar uma boneca inflável. Seria muito fácil fazer uma comédia ao maior estilo Apatow com o argumento, mas o roteiro do filme vai muito além disso, decidindo apostar na sutileza dos seus personagens para contornar uma história que seria muito fácil cair na ridicularização - e eu posso pensar em várias piadas prontinhas caso alguém quisesse pintar uma comédia com o tema. E essa é a maior virtude de Nancy Oliver como roteirista: ela sabe que seu roteiro tem milhares de armadilhas e qualquer passo errado poderia fazer o filme chegar no lugar comum, mas ela contorna isso o tempo todo com o charme que só uma produção independente bem realizada tem.

Dito isso, o personagem vivido por Ryan Gosling é complexo, triste e maravilhosamente bem construído pelo ator. Ele engrena a históra de uma maneira formidável, confortável com Bianca (a mulher inflável) desde o primeiro segundo em que ela entra em cena, jamais parecendo forçado ou até mesmo divertido. Essa sua difunção mental (ou simplesmente: desilusão, conforme sua psicóloga) é tratada de forma genial pelo roteiro. Se por um lado o seu personagem jamais deixa de se aprofundar no relacionamento com Bianca, há algo que o aproxima cada vez do mundo real.

A Garota Ideal assume um tom melancólico, mas nunca deixando o otimismo de lado. Bianca acaba conquistando a todos na comunidade - que não medem esforços para ajudá-lo-, e talvez essa seja a grande lição do filme. Será mesmo que algo ou alguém seja capaz de tocar no coração de todos, mesmo fugindo completamente da realidade em que vivemos? Seja como for, Lars é um ser-humano, como todos nós. Vítima do passado, com medo de seu futuro e abandonado pelo seu presente. Triste, desiludido e infeliz.

A Garota Ideal
Lars and the Real Girl, 2007
Direção: Craig Gillespie. Roteiro Original: Nancy Oliver. Elenco: Ryan Gosling, Emily Mortimer, Paul Schneider, R.D. Reid, Kelli Garner, Nancy Beatty, Doug Lennox, Joe Bostick, Liz Gordon, Patricia Clarkson, Nicky Guadagni, Karen Robinson, Maxwell McCabe-Lokos, Billy Parrott, Sally Cahill, Angela Vint e Liisa Repo-Martel.

terça-feira, 21 de julho de 2009

harry potter e o enigma do príncipe

Harry Potter é a série de cinema mais famosa entre as idades atualmente. De cada filme, sente-se cada vez mais a diferença e o amadurecimento entre os personagens. Neste sexto exemplar da série, a trama se encaminha cada vez mais para a batalha final entre a luz e as trevas, sendo o carro-chefe para os eventos que virão a seguir. O que diferencia este dos outros é que aqui finalmente vemos o tom em que A Ordem da Fênix deixou a série e o tom que as duas últimas partes terão que assumir a partir daqui.

O centro dessa produção talvez seja Dumbledore. O bruxo mais poderoso de Hogwarts faz o papel em que anteriormente não parecia tão real, o de tutor de Harry, o que o ensina e o prepara para a chegada batalha final. Michael Gambon esteve à altura de Richard Harris - à altura, apenas, não melhor - pela primeira vez desde que assumiu o papel na série, tirando aquele desesperado Dumbledore dando lugar ao sábio bruxo. Afinal, o diretor de Hogwarts é o que mais tem ideia do que está acontecendo ali.

O que nos liga diretamente a Harry Potter, agora no papel de Escolhido. Daniel Radcliffe cresceu cada vez mais nos filmes, tais como seus companheiros Rupert Grint e Emma Watson. O trio está muito mais confortável em cena do que nos anteriores. Radcliffe tem o papel mais difícil, afinal agora vem o relacionamento repentino com Gina. Um fator negativo no longa, já que as cenas em que os dois desenvolvem algo não engrenam - embora ambos formem um casal bacana. Já a química entre Watson e Grint evolue cada minuto em que os dois entram em cena, desenvolvendo o relacionamento já preparado nos longas anteriores com cuidado.

Porém, os dois personagens mais fascinantes do longa são, sem dúvidas, Snape e Draco Malfoy. O primeiro, interpretado sempre com talento por Alan Rickman - foi o destaque de todos os longas do Harry Potter - agora tem um desafio maior: proteger a mais nova cria de Voldermort, Draco Malfoy e o guiar para a tarefa mais difícil de sua vida. E finalmente Tom Felton tem o tempo necessário para construir seu personagem, um Draco Malfoy trágico, cheio de ódio e tristeza em seu coração. Sem dúvidas, Draco rouba todas as cenas em que aparece, se tornando muito mais do que um simples garoto revoltado pelo passado de seu pai. Suas marcas vão muito além disso.

O elenco secundário, como sempre, cumpre bem o seu papel. Temos sempre um ótimo convidado, desta vez Jim Broadbent como o novo professor de poções (já tivemos John Cleese, Ian Hart, Gary Oldman, Emma Thompson, Brendan Gleeson, Imelda Staunton e os remanescentes: Ralph Fiennes, Helena Bonham-Carter e Timothy Spall); além, é claro, de Robbie Coltrane e Maggie Smith, entre os de sempre.

A parte técnica é outra que atrai bastante. Além da firme direção de David Yates, a trilha sonora ganha fortes contornos por Nicholas Hooper, combinando com a fotografia escura e bem cuidada de Bruno Delbonnel. Pena que em um ponto da projeção, o ritmo caium pouco. Mas o que realmente atrai nesse novo Harry Potter é ver o amadurecimento de todos os personagens e os simples problemas de adolescentes que os bruxos tem de enfrentar. Talvez seja por isso que a série dos filmes de Harry Potter seja tão bem-sucedida: saíram os acordes alegres dos primeiros filmes e entram as tristes melodias deste final. Chegou finalmente a hora da luz enfrentar as trevas e O Enigma do Príncipe foi só o interlúdio. Se continuar assim, As Relíquias da Morte tem tudo para dar o fechamento perfeito para a série, que iniciou em 2001, tornando-se um dos maiores fenômenos cinematográficos e literários já vistos até então. Crepúsculo? Caiu mesmo nessa? Sectumsempra neles!

Harry Potter e o Enigma do Príncipe
Harry Potter and the Half-Blood Prince, 2009
Direção: David Yates. Roteiro Adaptado: Steve Kloves. Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Michael Gambon, Alan Rickman, Bonnie Wright, Helena Bonham-Carter, Jim Broadbent, Robbie Coltrane, Timothy Spall, Maggie Smith, Julie Walters, Mark Williams, Tom Felton, Evanna Lynch, Matthew Lewis, Katie Leung, James Phelps, Oliver Phelps, Natalia Tenas, Warwick Davis, Ralph Fiennes, Helen McCrory, Hero Fiennes-Tifflin e Frank Dillane.

sábado, 18 de julho de 2009

ranking: melhores diretores indicados ao oscar nos anos 00

Chegando ao final a primeira década destes anos 2000, todos os blogs de cinema começam a criar rankings de melhores filmes e etc., decidi me juntar a brincadeira. No primeiro dos especiais, os dez melhores diretores indicados ao Oscar - tanto vitórias quanto indicações:

É óbvio que ao fazer uma lista assim, cometemos um milhão de injustiças, portanto não é uma oficial. Talvez eu até coloque uma de melhores diretores da década, ainda é cedo demais. E pra deixar claro, não é por ordem de gosto pelos diretores, e sim seus trabalhos nos respectivos filmes que foram indicados. Um exemplo: Scorsese estaria no topo da lista se fossem os melhores diretores, mas não, avaliei seu desempenho em O Aviador e o coloquei na devida posição. Os que não entraram, como Polanski por O Pianista ou Sofia Coppolla por Encontros e Desencontros podem entrar em uma próxima - ou não. Mas sério, é muito difícil fazer uma lista dessas! Esse é só um parcial. Por enquanto, a lista fica mais ou menos assim:

10. Robert Altman, por Assassinato em Gosford Park

O ano é 1932. No meio de um evento, tudo rola. Altman consegue dosar com inteligência todos os elementos necessários para construir uma delicada narrativa, repleta de detalhes engenhosos e sempre bem requintado. Aliás, Assassinato em Gosford Park conta ainda com um roteiro inteligentíssimo, o que fica tudo melhor para o sempre crítico Robert Altman alfinetar com cuidado as classes sociais, transformando o filme em um suspense como só o diretor sabe fazer. Ponto para o diretor, que sempre consegue entrelaçar as diferentes histórias de uma maneira brilhante.

*Indicado ao Oscar de 2002.


9. Paul Greengrass, por Vôo United 93

O clima claustrafóbico fica durante uma hora e meia. A câmera na mão, um recurso arriscado para utilizar, é o maior acerto desta produção. Greengrass, diretor habilidoso, realiza o seu trabalho mais ambicioso. Aproximando ao máximo da realidade vivida pelos passageiros do vôo United 93, tamanha a intensidade que se passa ali dentro, o diretor ainda ganha pontos por não transformar os responsáveis pela tragédia em vilões desfigurados. São seres-humanos, com suas falhas e suas crenças, como qualquer outro norte-americado no vôo. Os tensos momentos finais são a prova de que Paul Greengrass merece e muito o seu reconhecimento pelo filme.

*Indicado ao Oscar de 2007.

8. Fernando Meirelles, por Cidade de Deus

Cidade de Deus foi o sucesso da década. Além de ser a obra definitiva dos famosos filmes-favelas, é também um dos maiores incentivadores do cinema nacional atual, fora o trabalho de direção. Fernando Meirelles mostra uma habilidade impressionante, colocando aqueles jovens atores sem experiência para frente das câmeras, lidando com a pobreza do Brasil sem poupar ninguém. E o melhor: o resultado foi excelente. Meirelles criou uma pequena obra-prima, aproximando a realidade com a ficção de uma maneira marcante, e o diretor ainda tem tempo para criticar todas as classes sociais que habitam nesse nosso Brasil.

*Indicado ao Oscar de 2004.

7. Martin Scorsese, por O Aviador

Martin Scorsese sempre conseguiu ter uma enorme facilidade com cine-biografias. E O Aviador é a prova disso. Claro que a performance de DiCaprio ajuda. Mas Scorsese conduz tudo com perfeição. Não tem medo da pasagem de tempo entre a trama, cria cenas glamurosas e memoráveis. Somente as cenas das filmagens de Hell's Angels são fabulosas, feitas com carinho e muita, mas muita criatividade pelo diretor. E vou além: merecia o Oscar este ano, perdido para o sensível Clint Eastwood de Menina de Ouro.

*Indicado ao Oscar de 2005.

6. Ethan e Joel Coen, por Onde os Fracos Não Têm Vez

Um cenário de violência, mas uma narrativa diferenciada. Esse é, sem dúvidas, o projeto em que os Coen acertam mais. A mesma realidade irônica que impera em seus filmes, aqui é destacado por um Javier Bardem cruel e impiedoso. E os diretores conseguiram separar as três histórias separadamente, dando o tempo necessário para cada uma ser bem desenvolvida, fazendo um constrate com uma Texas fria e pessimista. Uma visão extremamente bem-sucedida dos diretores, que tem um desfecho à altura de Chigurh: matador.

*Vencedor do Oscar de 2008.

5. Clint Eastwood, por Sobre Meninos e Lobos

Um assassinato. Três amigos de infância envolvidos em uma trama intrigante, num trabalho de mestre. Eastwood realiza seu melhor trabalho na direção até hoje - ao lado de Gran Torino. Ele sabe como sensibilizar a cada instante, mas também tira performances invejáveis de todo o elenco: Sean Penn e Tim Robbins, vencedores do Oscar, são os grandes destaques da trama. O elenco completa com uma cínica Laura Linney, um centrado Kevin Bacon e Marcia Gay Harden, sempre talentosa. Clint Eastwood nunca realizou uma obra com tamanha intensidade dramática quanto esta. E olha que ele se esforça cada vez mais.

*Indicado ao Oscar de 2004.


4. Peter Jackson, por O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Eu vou explicar a escolha desse colocado. No primeiro filme da trilogia, Jackson introduz um mundo fantástico, repleto de seres jamais visto antes e tudo o mais. E o primeiro O Senhor dos Anéis é uma verdadeira obra-prima, um dos filmes mais bonitos dos anos 2000, se não o maior. Já no segundo Jackson manteve o nível e nos entrega a maior batalha que o cinema já vivenciou até então: a batalha de Helm. Além de conduzir Andy Serkins no que seria o marco do cinema atual, a criatura-Gollum. O papel de Jackson era manter o nível neste terceiro, engrandecê-lo ainda mais e realizar uma trilogia praticamente impecável. E ele o fez. O diretor, que até então fazia filmes menores, enfrentou a fantasia e realizou um dos maiores trabalhos no que diz respeito a direção. Encerrar uma trilogia de sucesso, manter todos no mesmo nível, é trabalho de um mestre. Peter Jackson fez um trabalho impecável nos três filmes. Mas por O Retorno do Rei, ele fez o fechamento perfeito, algo que qualquer diretor teria enorme dificuldade em fazer. Portanto, um feito notável e o quarto lugar no ranking!

*Vencedor do Oscar de 2004.

3. Ang Lee, por O Segredo de Brokeback Mountain

O Segredo de Brokeback Mountain poderia ser um filme só para polêmica. Mas Ang Lee, apesar de todas as críticas, de todos os comentários a respeito da produção até mesmo antes de sua estréia nos entrega uma poderosa história de amor entre dois caubóis. Sem forçar nada, apenas com maestria, deixar-se levar. E conseguiu. Sensibilizou dois homens e mostrou a força desta pequena produção que, mesmo com toda a polêmica envolvida, só ganhou mais e mais créditos.

*Vencedor do Oscar de 2006.

2. David Lynch, por Cidade dos Sonhos

Lynch sempre foi um diretor que eu admirei. Chamado de louco por muitos, Lynch é extremamente inteligente em tudo o que faz. Neste seu Cidade dos Sonhos, ele consegue, como sempre, desconstruir e construir a nossa mente em minutos. Na metade para o final, vemos que todos os esforços do diretor para construir a personagem de Naomi Watts, ser recompensado de uma maneira surpreendente. Trazendo a sua habitual filosofia por detrás de cada cena em que Betty aparece, cada diálogo vindo dos lábios de Naomi Watts, na sua melhor atuação para o cinema. David Lynch consegue nos golpear nos minutos finais, mas trazendo por trás a beleza de uma obra-prima.

*Indicado ao Oscar de 2002.


1. Paul Thomas Anderson, por Sangue Negro

Sangue Negro é um clássico instantâneo. E o diretor Paul Thomas Anderson tem tudo a ver com isso. Ele já é um dos diretores mais inteligentes que Hollywood já abraçou nesses últimos tempo, além de sua enorme capacidade para escrever, ele tem o dom de saber dirigir os filmes de uma maneira criativa e habilidosa. Sua sintonia com seu roteiro é outro fator essencial para seus projetos darem tão certo. Em Sangue Negro, seu maior filme, Paul Thomas Anderson abraça todos os recursos que tem a seu favor e conduz com maestria tudo que toca: Daniel Day-Lewis tem uma atuação impressionante, junto com o coadjuvante Paul Dano; a trilha sonora é trágica, exagerada e muito, mas muito perfeita; sem mencionar em todos os outros aspectos técnicos. O diretor ainda consegue fazer cenas tão, mas tão memoráveis que, ao mesmo tempo que incomodam, impressionam pela sutileza e maldade: a cena do batismo, da explosão do poço de petróleo e, claro, a cena final. "Estou acabado", diz Daniel Plainview. Era o próprio filme dizendo a Paul Thomas Anderson: "conseguiu, criou uma obra-prima!".

*Indicado ao Oscar de 2008.

domingo, 12 de julho de 2009

anjos & demônios: ron howard relax

Após o ótimo Frost/Nixon, eu sabia que não podia esperar com tamanhas expectativas Anjos & Demônios, a "continuação" de Código Da Vinci, conduzido por um dos mais superestimados diretores da atualidade, Ron Howard. Quando os créditos apareceram, fiquei aliviado. O que eu tinha visto era um bom suspense, muito superior ao seu antecessor e que, por incrível que pareça, me divertiu demais.

A premissa é desenhada pela simbologia de Lungdun e tudo o que já vimos em Código Da Vinci, com ele interpretando os códigos por trás de algo relacionado com a Igreja e tudo o mais. Mas diferente do outro, este aqui se firma como um thriller, com um ritmo mais apropriado pra trama religiosa-científica. No meio do caminho, coloque alguns exageros e alguns clichês do gênero. Ainda assim, o resultado sai positivo e Tom Hanks continua apático.

Na realidade, o único do elenco que realmente tem uma atuação de maior destaque é Ewan McGregor. Em cada cena, o ator está prestes a explodir, combinando ao mesmo tempo uma sensibilidade e paciência, McGregor consegue ter uma atuação digna de aplausos. Não dá pra reclamar de Anjos & Demônios, é uma sessão relax de Howard. Frost/Nixon exigiu demais do diretor. Que ele volte da próxima vez trazendo um projeto a altura e, de vez em quando, um divertido suspense só para o diretor nos lembrar o quanto ele tem que aprender ainda.

Anjos & Demônios
Angels & Demons, 2009
Direção: Ron Howard. Roteiro Adaptado: David Koepp e Akiva Goldsman. Elenco: Tom Hanks, Ewan McGregor, Ayelet Zurer, Stellan Skargard, Pierfrancesco Favino e Nikolaj Lie Kaas.

terça-feira, 7 de julho de 2009

watchmen - o filme

Watchmen é uma das histórias em quadrinhos mais criativas de todos os tempos, ao meu ver. É a perfeita sincronia entre a fantasia com a realidade, criando uma história atemporal, que desperta a vontade de ler um volume após o outro. Infelizmente, o impacto gigantesco que Watchmen tinha como um livro é diminuido como um filme.

Iniciando de maneira espetacular com a morte do Comediante e os fantásticos créditos iniciais ao som de The Times They Are-A Changin', o diretor Zack Snyder optou por um visual totalmente realista. Sem aquele visual de 300 ou aquele visual dark da nova franquia de Batman. Uma cidade comum repleto de super-heróis e vilões. A diferença é que agora está todo mundo sem máscara, tentando viver uma vida normal ao meio de tanta bagunça. No elenco, há apenas um que se destaca sobre os demais, é Jackie Earle Haley como Roschach. Haley dá toda a complexidade para o personagem que passa a maioria do tempo mascarado - comparo a atuação com a de Hugo Weving em V de Vingança. De resto, Billy Crudup suaviza com Dr. Manhattan e Jeffrey Dean Morgan compõe o seu Comediante como uma homem triste que se refugia com suas piadas para não chorar pela sua vida.

O maior problema de Watchmen talvez seja mesmo a decaída no segundo ato em questão de ritmo. E o final fica um pouco arrastado, infelizmente. Porém, nada disso minimiza os méritos do diretor Zack Snyder. Condensar doze volumes de uma história em quadrinhos não é e nem nunca vai ser uma tarefa fácil, só isso já é admirável no ponto de vista narrativo. É um filme que merece ser descoberto.

Watchmen - O Filme
Watchmen, 2009
Direção: Zack Snyder. Roteiro Adaptado: Alex Tse e David Hayter. Elenco: Patrick Wilson, Malin Akerman, Billy Crudup, Jackie Earle Haley, Matthew Goode, Jeffrey Dean Morgan, Carla Gugino, Matt Frewer, Stephen McHattie, Laura Mennell, Rob LaBelle e Robert Wisden.

domingo, 5 de julho de 2009

trailer: onde vivem os monstros

Simplesmente o melhor trailer que veio este ano:



Onde Vivem os Monstros estreia dia 16 de outubro nos Estados Unidos e no Brasil, conforme a Warner Bros., podendo ser a data alterada pela distribuidora. O longa é dirigido por Spike Jonze, sumido no cinema desde Adaptação e indicado ao Oscar por Quero Ser John Malkovich.

***

O blog ganhou um selo do Plano-Sequência, agradeço dese já pela lembrança. É o primeiro selo em muito, mas muito tempo. Bom, como sempre as regras e a imagem vão primeiro:



1. Exibir a imagem do Blog de Ouro.
2. Postar o link do blog que te indicou.
3. Indicar 4 blogs de sua preferência.
4. Avisar seus indicados.
5. Publicar as regras.
6. Conferir se os blogs indicados repassaram os selos e as regras.


4 indicados (tentei ver mais ou menos quem recebeu ou não o selo nos últimos dias):

Cinestesia (http://cinestesiabh.blogspot.com)
Crônicas Cinéfilas (http://www.novascronicas.blogspot.com)
Filme-Pipoca (http://filme-pipoca.blogspot.com)
Moviola Digital (http://movioladigital.blogspot.com)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

+ filmes

O Casamento de Rachel, de Jonathan Demme
Recentemente, assisti Festa de Família, de Thomas Vinterbeg. O filme é o marco do movimento Dogma 95 e a história, perturbadora. O que me remete a este Casamento de Rachel. Não é o fato de os dois usarem as câmeras nervosas - que estão cada vez mais fora de moda - mas sim pela união familiar e os problemas que começam a surgir neste reencontro. Linkar estes dois filmes me parece a melhor maneira de explicar O Casamento de Rachel. A diferença é que, ao invés de destruir um ambiente familiar aos poucos, o filme dirigido pelo esperto Jonathan Demme quer construir uma família desustrurada. E é curioso ver a relação entre as duas produções: ambos filmam com elegância, demonstram total domínio sobre o elenco e ainda captam todos os sentimentos dos membros de famílias decadentes. Porém, mais do que isso, Anne Hathaway faz toda a diferença. É ela quem domina o tempo todo na tela, construindo uma personagem triste, arrependida e infeliz, presa em seu mundo de erros. O Casamento de Rachel é, sem dúvidas, uma das grandes revelações deste médio ano de 2009.

Presságio, de Alex Proyas
Inexplicavelmente, Nicolas Cage só tem entrado em furada. Suas últimas participações não são nada significativas e fazia tempo que não conseguia carregar um filme nas costas. Talvez por isso este Presságio signifique tanto para ele - ou nem muito, já que a produção teve bastante críticas negativas a seu favor. Para mim, Nicolas Cage conseguiu reverter, mesmo que de leve, a sua péssima situação no cinema. Em primeiro lugar que ele tem uma boa atuação por aqui, carregando o filme nas costas, já que a boa Rose Byrne (e ótima em Damages) é prejudicada pelo roteiro. Para a surpresa, um bom filme de ficção científica. Mas se tivessem cortado ali algumas cenas bobas de suspense e diversos outros clichês dispensáveis, o filme de Alex Proyas daria um belo exemplar do gênero. Por enquanto, basta dizer que é tudo o que O Dia Em Que a Terra Parou queria ser.

Valsa com Bashir, de Ari Folman
Elogiado por diversos críticos no mundo todo, Valsa com Bashir concorreu ao Oscar, sendo um respeitado concorrente a estatueta dourada e fez platéias se surpreenderem com imagens polêmicas e fortíssimas. Ao meu ver, o sucesso só apareceu por se tratar de uma animação feita especialmente para o púlico adulto. O estilo documental do longa é o que mais o atrapalha, transitando entre o elegante e a chatice, passando pelo roteiro mal organizado. De início realmente parece um bom plano, iniciar com um sonho do soldado e apartir disso, tentar estabelecer uma narrativa recheado de flashbacks e construindo todo o massacre contra palestinos refugiados pela milícia libanesa - apoiado por Israel. No entanto, esta estrutura só atrapalha ao invés de ajudar, fazendo com que o diretor Ari Folman tente nos conquistar com imagens bonitas e planos inteligentes. No que diz respeito a essa técnica, Folman conseguiu uma aliada: a animação.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

transformers - a vingança dos derrotados

E Michael Bay disse: "foda-se todo mundo". E fez Tranformers - A Vingança dos Derrotados. Se no anterior o diretor tentava equilibrar um pouco a história com a ação, dosando o humor com a seriedade - vejam bem, eu usei a palavra "tentando"; neste ele literalmente não está nem aí pra nada. Recheado de sub-tramas bobas e sem-graças, a história gira de Fallen, um robôsinho revoltado porque há muito tempo foi traído por sua família, só porque ele queria dominar o mundo e tudo o mais. Então, o vilão volta com essa ideia mais uma vez, mas tem que tomar cuidado com Optimus Prime, o único capaz de derrotá-lo. Nessas idas e vindas, Optimus é morto, Sam é posto no meio da guerra e tem muita, mas muita correria. Tem explosão a cada cinco minutos. Tem o dobro de robôs visto no primeiro filme - até torradeira elétrica que se transforma em um Decepticon.


Sim. Michael Bay resolveu explodir tudo nesta continuação. Minha teoria é que o diretor visitou todos os fóruns da internet e foi a fundo: o que será que os fãs do primeiro filme gostariam de ver nesta continuação? Mais explosões? Mais Megan Fox com shortinhos curtos e decotada - tá bom, isso não há nada para reclamar... Enfim, o fato é que Bay pouco liga para a história, transformando este Transformers (trocadilho!) em uma mega-produção que apresenta 2 horas e 30 minutos resumindo-se em explosões, carros, robôs e mulheres.

As cenas de ação são exaustivas - mesmo com os arrasadores efeitos visuais -, a história é muito fraca - se tiver uma... e a Megan Fox , apesar de linda, não sabe nada de atuação, além de Shia LeBeouf só gritar o tempo todo. E Michael Bay... Bom, é Michael Bay! O cara que incui alguns planos em câmera lenta para acentuar o heroísmo de seus personagens, o cara que fica fazendo travelling até mesmo em um simples diálogo. Com um diretor como Bay, só resta apreciar a diversão em algumas cenas e dizer: "foda-se todo mundo". Pena que neste aqui não dá nem pra falar a frase, porque é uma tortura só de ficar até o final.

Transformers - A Vingança dos Derrotados
Transformers: Revenge of the Fallen, 2009
Direção: Michael Bay. Roteiro Adaptado: Ehren Kruger, Roberto Orci e Alex Kurtzman. Elenco: Shia LeBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, John Turturro, Isabel Lucas, Tyrese Gibson, Matthew Marsdan, Glenn Morshower, Ramon Rodriguez, Kevin Dunn, Julie White e Rainn Wilson. Com as vozes de: Hugo Weaving, John Turturro, Frank Welker, Peter Cullen, Mark Ryan, Darius McCray, Reno Wilson, Robert Foxworth, Jess Harnell e Mike Patton.

*Revisado.