sábado, 18 de julho de 2009

ranking: melhores diretores indicados ao oscar nos anos 00

Chegando ao final a primeira década destes anos 2000, todos os blogs de cinema começam a criar rankings de melhores filmes e etc., decidi me juntar a brincadeira. No primeiro dos especiais, os dez melhores diretores indicados ao Oscar - tanto vitórias quanto indicações:

É óbvio que ao fazer uma lista assim, cometemos um milhão de injustiças, portanto não é uma oficial. Talvez eu até coloque uma de melhores diretores da década, ainda é cedo demais. E pra deixar claro, não é por ordem de gosto pelos diretores, e sim seus trabalhos nos respectivos filmes que foram indicados. Um exemplo: Scorsese estaria no topo da lista se fossem os melhores diretores, mas não, avaliei seu desempenho em O Aviador e o coloquei na devida posição. Os que não entraram, como Polanski por O Pianista ou Sofia Coppolla por Encontros e Desencontros podem entrar em uma próxima - ou não. Mas sério, é muito difícil fazer uma lista dessas! Esse é só um parcial. Por enquanto, a lista fica mais ou menos assim:

10. Robert Altman, por Assassinato em Gosford Park

O ano é 1932. No meio de um evento, tudo rola. Altman consegue dosar com inteligência todos os elementos necessários para construir uma delicada narrativa, repleta de detalhes engenhosos e sempre bem requintado. Aliás, Assassinato em Gosford Park conta ainda com um roteiro inteligentíssimo, o que fica tudo melhor para o sempre crítico Robert Altman alfinetar com cuidado as classes sociais, transformando o filme em um suspense como só o diretor sabe fazer. Ponto para o diretor, que sempre consegue entrelaçar as diferentes histórias de uma maneira brilhante.

*Indicado ao Oscar de 2002.


9. Paul Greengrass, por Vôo United 93

O clima claustrafóbico fica durante uma hora e meia. A câmera na mão, um recurso arriscado para utilizar, é o maior acerto desta produção. Greengrass, diretor habilidoso, realiza o seu trabalho mais ambicioso. Aproximando ao máximo da realidade vivida pelos passageiros do vôo United 93, tamanha a intensidade que se passa ali dentro, o diretor ainda ganha pontos por não transformar os responsáveis pela tragédia em vilões desfigurados. São seres-humanos, com suas falhas e suas crenças, como qualquer outro norte-americado no vôo. Os tensos momentos finais são a prova de que Paul Greengrass merece e muito o seu reconhecimento pelo filme.

*Indicado ao Oscar de 2007.

8. Fernando Meirelles, por Cidade de Deus

Cidade de Deus foi o sucesso da década. Além de ser a obra definitiva dos famosos filmes-favelas, é também um dos maiores incentivadores do cinema nacional atual, fora o trabalho de direção. Fernando Meirelles mostra uma habilidade impressionante, colocando aqueles jovens atores sem experiência para frente das câmeras, lidando com a pobreza do Brasil sem poupar ninguém. E o melhor: o resultado foi excelente. Meirelles criou uma pequena obra-prima, aproximando a realidade com a ficção de uma maneira marcante, e o diretor ainda tem tempo para criticar todas as classes sociais que habitam nesse nosso Brasil.

*Indicado ao Oscar de 2004.

7. Martin Scorsese, por O Aviador

Martin Scorsese sempre conseguiu ter uma enorme facilidade com cine-biografias. E O Aviador é a prova disso. Claro que a performance de DiCaprio ajuda. Mas Scorsese conduz tudo com perfeição. Não tem medo da pasagem de tempo entre a trama, cria cenas glamurosas e memoráveis. Somente as cenas das filmagens de Hell's Angels são fabulosas, feitas com carinho e muita, mas muita criatividade pelo diretor. E vou além: merecia o Oscar este ano, perdido para o sensível Clint Eastwood de Menina de Ouro.

*Indicado ao Oscar de 2005.

6. Ethan e Joel Coen, por Onde os Fracos Não Têm Vez

Um cenário de violência, mas uma narrativa diferenciada. Esse é, sem dúvidas, o projeto em que os Coen acertam mais. A mesma realidade irônica que impera em seus filmes, aqui é destacado por um Javier Bardem cruel e impiedoso. E os diretores conseguiram separar as três histórias separadamente, dando o tempo necessário para cada uma ser bem desenvolvida, fazendo um constrate com uma Texas fria e pessimista. Uma visão extremamente bem-sucedida dos diretores, que tem um desfecho à altura de Chigurh: matador.

*Vencedor do Oscar de 2008.

5. Clint Eastwood, por Sobre Meninos e Lobos

Um assassinato. Três amigos de infância envolvidos em uma trama intrigante, num trabalho de mestre. Eastwood realiza seu melhor trabalho na direção até hoje - ao lado de Gran Torino. Ele sabe como sensibilizar a cada instante, mas também tira performances invejáveis de todo o elenco: Sean Penn e Tim Robbins, vencedores do Oscar, são os grandes destaques da trama. O elenco completa com uma cínica Laura Linney, um centrado Kevin Bacon e Marcia Gay Harden, sempre talentosa. Clint Eastwood nunca realizou uma obra com tamanha intensidade dramática quanto esta. E olha que ele se esforça cada vez mais.

*Indicado ao Oscar de 2004.


4. Peter Jackson, por O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Eu vou explicar a escolha desse colocado. No primeiro filme da trilogia, Jackson introduz um mundo fantástico, repleto de seres jamais visto antes e tudo o mais. E o primeiro O Senhor dos Anéis é uma verdadeira obra-prima, um dos filmes mais bonitos dos anos 2000, se não o maior. Já no segundo Jackson manteve o nível e nos entrega a maior batalha que o cinema já vivenciou até então: a batalha de Helm. Além de conduzir Andy Serkins no que seria o marco do cinema atual, a criatura-Gollum. O papel de Jackson era manter o nível neste terceiro, engrandecê-lo ainda mais e realizar uma trilogia praticamente impecável. E ele o fez. O diretor, que até então fazia filmes menores, enfrentou a fantasia e realizou um dos maiores trabalhos no que diz respeito a direção. Encerrar uma trilogia de sucesso, manter todos no mesmo nível, é trabalho de um mestre. Peter Jackson fez um trabalho impecável nos três filmes. Mas por O Retorno do Rei, ele fez o fechamento perfeito, algo que qualquer diretor teria enorme dificuldade em fazer. Portanto, um feito notável e o quarto lugar no ranking!

*Vencedor do Oscar de 2004.

3. Ang Lee, por O Segredo de Brokeback Mountain

O Segredo de Brokeback Mountain poderia ser um filme só para polêmica. Mas Ang Lee, apesar de todas as críticas, de todos os comentários a respeito da produção até mesmo antes de sua estréia nos entrega uma poderosa história de amor entre dois caubóis. Sem forçar nada, apenas com maestria, deixar-se levar. E conseguiu. Sensibilizou dois homens e mostrou a força desta pequena produção que, mesmo com toda a polêmica envolvida, só ganhou mais e mais créditos.

*Vencedor do Oscar de 2006.

2. David Lynch, por Cidade dos Sonhos

Lynch sempre foi um diretor que eu admirei. Chamado de louco por muitos, Lynch é extremamente inteligente em tudo o que faz. Neste seu Cidade dos Sonhos, ele consegue, como sempre, desconstruir e construir a nossa mente em minutos. Na metade para o final, vemos que todos os esforços do diretor para construir a personagem de Naomi Watts, ser recompensado de uma maneira surpreendente. Trazendo a sua habitual filosofia por detrás de cada cena em que Betty aparece, cada diálogo vindo dos lábios de Naomi Watts, na sua melhor atuação para o cinema. David Lynch consegue nos golpear nos minutos finais, mas trazendo por trás a beleza de uma obra-prima.

*Indicado ao Oscar de 2002.


1. Paul Thomas Anderson, por Sangue Negro

Sangue Negro é um clássico instantâneo. E o diretor Paul Thomas Anderson tem tudo a ver com isso. Ele já é um dos diretores mais inteligentes que Hollywood já abraçou nesses últimos tempo, além de sua enorme capacidade para escrever, ele tem o dom de saber dirigir os filmes de uma maneira criativa e habilidosa. Sua sintonia com seu roteiro é outro fator essencial para seus projetos darem tão certo. Em Sangue Negro, seu maior filme, Paul Thomas Anderson abraça todos os recursos que tem a seu favor e conduz com maestria tudo que toca: Daniel Day-Lewis tem uma atuação impressionante, junto com o coadjuvante Paul Dano; a trilha sonora é trágica, exagerada e muito, mas muito perfeita; sem mencionar em todos os outros aspectos técnicos. O diretor ainda consegue fazer cenas tão, mas tão memoráveis que, ao mesmo tempo que incomodam, impressionam pela sutileza e maldade: a cena do batismo, da explosão do poço de petróleo e, claro, a cena final. "Estou acabado", diz Daniel Plainview. Era o próprio filme dizendo a Paul Thomas Anderson: "conseguiu, criou uma obra-prima!".

*Indicado ao Oscar de 2008.

8 comentários:

Roberto Simões disse...

Esta é uma lista muito difícil. Muito mesmo. Concordo com todas as suas escolhas, mas ficam sempre muitas de fora.

Adorei esta iniciativa e o CINEROAD gostaria de puder contar com a sua autorização para promover uma iniciativa semelhante.

Se sim, contacte-me por e-mail para geral.cineroad@hotmail.com ou simplesmente deixa por lá um comment assim que possível. Adorei seu blog e vou passar a segui-lo!

Cumps.
Filipe Assis
CINEROAD - A Estrada do Cinema

Roberto Simões disse...

[A iniciativa incluiria claro um link para o CINEMANIA]

Gustavo H.R. disse...

Boa essa ideia, talvez a imite algum dia! ;)
Assino embaixo a inclusão e a fundamentação para Greengrass, Scorsese, Coen, Lynch e Anderson. São trabalhos de mestres.

pseudo-autor disse...

Os dois primeiros colocados dessa lista são impecáveis. Difícil tirar alguém dessa lista pra pôr Sofia Copolla. Os dez são muito bons.

Alex Gonçalves disse...

Gostei da idéia, mas discordo em algumas inclusões, como as de Robert Altman (não gostei de nenhum filme que vi até hoje dele)e o de Clint Eastwood, por "Sobre Meninos e Lobos" (sua melhor direção para mim acontece em "Menina de Ouro").

Minha seleção seria essa:

01. Roman Polanski, "O Pianista"
02. Stephen Daldry, "As Horas"
03. Clint Eastwood, "Menina de Ouro"
04. Rob Marshall, "Chicago"
05. Peter Jackson, "O Retorno do Rei"
06. M. Night Shyamalan, "O Sexto Sentido"
07. Paul Haggis, "Crash"
08. Alejandro González Iñárritu, "Babel"
09. David Lynch, "Cidade dos Sonhos"
10. Paul Greengrass, "Vôo United 93"

Dewonny disse...

Excelente essa seleção, só tem fera aí..adorei!
Abraço! Diego!

Wallace Andrioli Guedes disse...

Pois é, acho que eu concordo com sua lista. Estou vivendo uma espécie de "lua-de-mel" com Sangue Negro, acho bem que ele vai ganhar algumas posições no meu ranking final da década... quem sabe não até assume a primeira posição? Suspense... rs.
Mas, de qualquer forma, o trabalho do P.T. Anderson nesse filme é mesmo impressionante. Acho que remete aos filmes do David Lean...

Jonathan Rodrigues disse...

legal a lista, claro que a minha seria completamente diferente, a começar que eu colocaria o Peter Jackson apenas uma vez, mas por "a sociedade do anel" que é o mais perfeccionista da série, sem aquelas irregularidades de ritmo do retorno do rei, e o amis importante, o que melhor se encaixou como filme

sobre sangue negro: eu acho que a cena final se encaixa mais com a tradução "eu estou finalizado", pelo menos da forma que eu interpretei o filme