segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O Kubrick é do mundo!

O cenário é Nova Iorque. O dia é 26 de julho. Nos Estados Unidos, no meio de tanta gente nascia um bebê que daria para o mundo uma experiência cinematogáfica única. No dia 7 de março de 1999, em Londres, Stanley Kubrick faleceu. Foi um dia triste para o Cinema. No dia 26 de julho de 2008, Kubrick faria 80 anos.

Porém, suas obras nunca foram esquecidas. Na época em que foi lançada, 2001: Uma Odisséia no Espaço, acabou chamando a atenção dos jovens rebeldes da época - anos 60. Nos dias de hoje, um jovem comum, que é inspirado por blockbusters de todos os tipos, comédias adolescentes bobas e filmes de terror com mulhere semi-nuas, iriam achar 2001 chato, dormiriam no filme inteiro, e ao final provavelmente iam falar que o filme não faz sentido algum - confesso que a cena final é mesmo difícil de entender, e cada um tem sua teoria e tudo o mais. E o engraçado é que 2001 é um filme que possui uma das mais belas fotografias de todos os tempos e que é complexo, muito complexo, mas genial. Kubrick mostra um domínio de linguagem único nessa verdadeira obra-prima do Cinema. Notem a cena em que há dois membros da equipe conversando (acima), em um plano que acaba se restringindo aos dois, um de cada lado. No fundo, podemos ver a presença do computador, que acaba passando a imagem de que ele está lendo os lábios dos personagens, mas nunca conseguimos saber se está ou não. Porém, a genialidade da cena, com o computador atrás, ameaçando a todos, enquanto os dois conversam em uma sala aparentemente fechada, é formidável. Ou aquela cena dos macacos, que acaba ficando na amgiuidade, seria passado ou futuro? Ou os dois?


Mas gênio que é gênio não ficaria só em um filme. Ele ainda faria um dos maiores filmes da década de 70, e que coincidentemente inspirou o visual do blog. Laranja Mecânica, de 1971, mostra um grupo de jovens anarquistas estuprando, torturando, matando mendigos e roubando, fazendo de tudo, porém ele acaba sofrendo uma lavagem cerebral que o impede de fazer coisas ruins. O papel da vida de Malcolm McDowell e o filme de um século. Laranja Mecânica ainda possua ia narração irônica em off, na qual o protagonista pedia para nós termos pena de todas as atrocidades que faziam com ele.

Kubrick também deu uma passa pelo épico em Spartacus, o erotismo em Lolita, e em 1964 sua comédia Dr. Fantástico (ou Como eu Aprendi a Amar a Bomba) é que merece um destaque na filmografia do diretor. Além de ter a habilidade de criar planos extremamente bonitos - como em 2001 - o diretor mostra um talento nato também para as comédias. Neste aqui, ele se mostra um ábil diretor de atores, evitando aquelas gags e nos mostrando a comédia da maneira como ela tem que ser mostrada: genial. Seguindo a linha de filmes de guerra, Dr. Fantástico consegue criar um clima de risadas e ao mesmo tempo, de irônias, com a Guerra Fria, duma maneira que Chaplin conseguiu criar em O Grande Ditador e como Monty Python criava em seu programa. Porque somente um gênio para arrancar piadas inteligentes e críticas construtivas a uma guerra no meio de tanto sofrimento.

E por falar em guerra, Kubrick também não podia deixar de fazer um filme de soldados. Dando um salto temporal para o ano de 1987, o penúltimo filme do diretor não deixa a desejar em nada. Nascido para Matar é um dos filmes que constrói os personagens, as relações de amizades, as conseqüências das guerra, tudo em seu devido lugar, com maestria. Mas, principalmente, este filme representa, sobretudo, a dualidade do homem. O duelo que o homem tem com si mesmo. O bem contra o mal. E os créditos finais, com a canção "Paint It Black", é muito bom.


Nos anos 80 mesmo, Kubrick passeou com o terror em O Iluminado. E é impossível não citar a cena em que o garotinho - interpretado com precisão por Danny Lloyd - está andando de triciclo no corredor, ao som ambiente, sem trilha nem nada. Aterorizante. Ou como não citar a atuação de Jack Nicholson, a transformação irreverente que ele deu ao personagem e toda aquela fotografia da perseguição no labirinto. Kubrick mais umka vez mostrava-se um diretor versátil e mais uma vez deu um passo a mais como gênio implacável.

No ano de sua morte, em 1999, foi lançado o último filme do diretor: De Olhos Bem Fechados. Desta vez, ele quis mostrar um pouco mais sobre o casamento, e sobre um drama psicólogico. Após este filme, Kubrick filmaria A.I: Inteligência Artificial, e com certeza daria um tratamento Kubrickiano para o filme, seria muito interessante vê-lo em sua versão.

Talvez o Cinema nunca se recupere da morte de Kubrick. Assim como nunca vamos nos recuperar da morte de Chaplin, de Bergman, de Gláuber Rocha. Enfim, é um ciclo que temos que aguentar. Assim como estes Mestres se vão e deixam para nós as suas obras, seus nomes vão ficar em nossas memóridas para sempre.

P.S: Post meio atrasado sobre o aniversário de Stanley Kubrick, me senti na obrigação de tirar o atraso e falar sobre esse mestre.

11 comentários:

Marcos Vinícius Almeida disse...

Cara, vc mandou bem demais nesse texto... adoro os filmes do Kubrick... realmente vc soube pincelar os pontos fortes da obra desse mestre do cinema.... Confesso que quando vi que era sobre cinema fiquei desconfiado, odeio criticos de arte de todo tipo, porque um critico, do meu ponto de vista, eh um artista fracassado que sobrevive das migalhas dos verdadeiros criadores... mas agora, depois de ler seu texto tenho apenas que li dar os parabens... quando vc citou a cena do menino em "O iluminado" e a do robo em 2001, juro que arrepiei.. isso pela maneira que vc escreveu... parabens...

vou visitar seu blog com frequencia...

Rede de Jovens - Cristo Salva disse...

Cinema é realmente o maximooo!
muito legal o post!

Anônimo disse...

acho muito interessante a visão de Kubrick e os filmes que contém sua presença.

Não o acho o melhor, longe disso, mas com certeza estacado pela genialidade.

Abraços.

Luiz Carlos disse...

Sou fã de Kubrick.
2001 é um dos meus 5 filmes preferidos. Já assisti varias vezes e sempre é um grande desafio tentar compreeder o ele quer dizer em cada cena.
Meu segundo filme dele preferido é laranja Mecânica.

Postagem perfeita!parabéns!!

Abraço

Danilo disse...

Kubrick � g�nio mesmo. Pessoalmente n�o gosto de 2001 e laranja mec�nica, mas Dr. Fant�stico, Nacido para Matar e O Iluminado est�o entre os meus filmes favoritos.

Edu França disse...

Kubrick figura entre os indiscutíveis, vc escreveu com sobriedade, gostei!

Leonardo disse...

Muito bom o texto!
tambem sou fã de Kubrick,embora não tenha assistido todos os filmes dele.
2001... é um dos meus filmes favoritos

Blog Esponja disse...

Ele fez um bem para os amantes da sétima arte.

Ele conseguir fazer um filme de ficção bem a frente do seu tempo, porém com ar de profecia, de visão real do futuro.

Sem falar na preocupação com a imagem e tudo que envolvia sua dramaticidade.

O cara não é o meu favorito, mas não tem como não admirar o trabalho desse mestre do cinema.

Blog Esponja ®
www.blogesponja.net

Carlos Macêdo disse...

Acho os filmes dele muito massa!!! no meu blog tem até uma indicação do "A Clockwork Orange" ....

flw!

blog disse...

Estou para comentar aqui desde ontem, mas só agora terminei de ler a postagem.

Kubrick é dos melhores. Comparável a Hawks, a Ford e Billy Wilder, que formam a Santíssima Tríade.
Mas Kubrick bem pode ser o quarto cavaleiro.

Assisti a A Laranja Mecânica e, depois, nunca mais fui o mesmo. Tenho todos os filmes dele, incluindo "Glória Feita de Sangue" e "Killer's Kiss", que é uma maravilha.

Kubrick merece a homenagem que vc fez.
Eu tb fiz. Se puder, leia.

http://mesmasletras.blogspot.com/2007/07/kubrick-e-sua-laranja.html

Abraço

Unknown disse...

Kubrick foi um mestre, de fato!
Seus filmes são obras sem iguais!

Parabéns pelo blog!

http://www.ignisphoenix.blogspot.com/