quarta-feira, 24 de junho de 2009

tinha que ser você: quando os atores salvam a fita

Tinha Que Ser Você é um daqueles românticos filmes que não cansam aos nossos olhos. Talvez a lembrança com Antes do Amanhecer/ Pôr-do-sol venha a nossas mentes, tal que ambos partem da premissa de dois estranhos se conhecendo por pouco tempo em um território estrangeiro para pelo menos um deles. Não importa qual a referência, Tinha Que Ser Você abraça essa premissa com uma pequena singularidade: não são dois jovens agora. É muito mais do que isso. São duas pessoas que vêem agora sua vida inteira passando por seus olhos, onde mágoas e arrependimentos crescem cada dia mais.

Harvey, interpretado por uma melancolia bem construída por Hoffman, é um homem triste e solitário. Quando viaja para a Inglaterra com o objetivo de assistir ao casamento da filha, descobre que não a levará mais ao altar, pois foi substituído pelo padrasto. Perdeu o vôo e, conseqüentemente, o emprego. Conhece Kate em um restaurante, personagem de Emma Thompson, que vem cheia de energia, mas repleta de tristeza e solidão. A química rola entre os atores desde a primeira entrada em cena, quando ele rejeita responder as perguntas de Kate.

Acaba que o longa fica sobrecarregado nas costas dos ótimos atores, que não parecem se importar e levam o filme adiante. O diretor Joel Hopkins infelizmente falha no cargo, principalmente no que se refere a incluir uma sub-trama da mãe da Kate - ele também é autor do roteiro. São cenas que não acrescentam nada, além de quebrar o ritmo do longa. Porém, ainda bem que Dustin Hoffman e Emma Thompson estão lá, perfeitos o tempo todo.

Tinha Que Ser Você
Last Chance Harvey, 2008
Direção e Roteiro Original: Joel Hopkins. Elenco: Dustin Hoffman, Emma Thompson, Eileen Atkins, Kathy Baker, Liane Balaban, James Brolin, Richard Schiff e Bronagh Gallager.

sábado, 20 de junho de 2009

foi apenas um sonho: a maturidade

É fácil saber o motivo pelo qual a Academia e mais quase todos esnobaram este filme. Além de a temática ser praticamente a mesma que o Beleza Americana, projeto vencedor do diretor, apresenta diálogos realistas, fortes e incômodos o tempo todo, batendo na tecla da infelicidade conjugal, que praticamente é explorado pelo cinemão norte-americano todo o tempo. Dito isso, deve-se ainda contar com a publicidade do reencontro entre Jack e Rose Dawson.. ou melhor, Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. Ao contrário de todos, eu achei uma produção que atinge o nível de maturidade dos envolvidos, tanto atores quanto o próprio diretor.

Desde a cena inicial em que os Wheeler dançam pela primeira vez, fica claro o objetivo de Sam Mendes. Ao passo em que ali um relacionamento começa a se desenvolver, há também o início da sua própria destruição pessoal. Derperdiçar os sonhos, carreiras, em prol da união familiar. É essa tecla que o longa pretende bater nas suas quase duas horas de projeção. Claro que Sam Mendes nem sempre acerta, tanto que o roteiro apresenta personagens em algumas sub-tramas dispensáveis, mas nem por isso desperdiçadas. Sempre há algo por trás.

Não há como negar que o forte do filme realmente seja as atuações. Separadamente, Winslet entrega-nos uma performance marcante, de uma mulher insegura e pobre de espírito, onde seus sonhos já se foram há muito tempo. Muito supeior do que sua atuação em O Leitor, aqui a atriz construi uma April singular, se aproximando muito de sua atuação em Pecados Íntimos. DiCaprio, um ator que vem crescendo cada vez mais, tem uma performance igualmente grandiosa por aqui. Juntos, a química que vimos em Titanic se torna mais forte. As discussões, feitas com fortes diálogos, passam a ser o ponto alto do longa. E todos os medos, as duvidas, tudo se assemelha com a realidade dos casais de hoje em dia.

Talvez por isso a participação de Michael Shannon seja tão incômoda. Ao interpretar um homem com sérios distúrbios mentais - por assim dizer -, Shannon faz com que o seu John Givings em três cenas surja como uma espécie de consciência, revelando-se o único personagem dali que vive na realidade. Seu personagem perturba, choca e surpreende a todo o momento. Como este homem que mal conhece o casal os entende tão bem, enlouquece cada vez mais um Frank tentando colocar os pés na realidade. E se o personagem de Shannon não existisse, Foi Apenas um Sonho talvez não tivesse o sentido. Era preciso de alguém como John Givings ali.

O filme não apenas representa o nível de maturidade que a direção de Sam Mendes chegou, como também o crescimento de Winslet e DiCaprio. Desde a estréia dos dois em Titanic, cada um seguiu seu caminho lentamente, se destacando e marcando produções tão diversificadas entre si. Quando chegou a hora, ambos culminaram em um perturbador e impactante filme sobre relações. Talvez eles se encontrem daqui a alguns anos, ainda melhores que da última vez. E quando isto chegar, tenho certeza que eu vou comprar o ingresso pra assistir.

Foi Apenas um Sonho
Revolutionary Road, 2008
Direção: Sam Mendes. Roteiro Adaptado: Justin Haythe. Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Kathy Bates, Michael Shannon, David Harbour, Richard Easton, Kathryn Hahn, Dylan Baker, Jay O. Sanders e Zoe Kazan.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

90's: antes do amanhecer


Antes do Amanhecer é talvez a obra mais romântica dos últimos tempos. É o encontro perfeito entre os atores com o texto, suavizados na direção de Richard Linklater. Obviamente, o encontro de dois estranhos em um trem e a rapidez com que o rapaz convence a garota de ir ao vagão-restaurante pode parecer um pouco fora da realidade, mas é então que Linklater muda totalmente o nosso ponta de vista.

A maneira como a dinâmica entre Hawke e Delpy se desenvolve, a partir dos ótimos diálogos escritos por Linklater, se revela a força-motriz de todo o longa. Não estamos presenciando aqui um romance qualquer, é diferente, é algo a mais. O casal não são dois atores no meio de uma cena, são Jesse e Celine, respectivamente, se encantando um com o outro. Olhos nos olhos. Algo que os jovens de hoje em dia esqueceram de usar, já que ficam enfornados nos seus quartos usando um computador. Não é assim que se conhece alguém, é vendo a sua reação a cada fala, é se encantando com a outra, é simplesmente um abraço ou um sorriso. Talvez por isso é tão fácil se identificar com estes dois, pois todos já vivemos um amor que começou assim, de algo que impressionava a outra pessoa.

Assistir Antes do Amanhecer sozinho em um quarto, pode ser deprimente. Mas também é uma experiência maravilhosa. Quantas vezes já sentamos em um ônibus, olhamos para uma pessoa e nos perguntamos: "uau, aquela pessoa pode ser a certa pra mim!". E quantas vezes a gente já olhou alguém que namoramos e pensamos "uau, aquela pessoa pode ser a certa para mim!". E quantas vezes já nos decepcionamos? Jesse e Celine nao estavam procurando por alguém naquela tarde, são apenas duas pessoas perdidas encontrando em um o que faltava no outro. Um amor simples, bonito e sincero.

É tão bom que um filme possa transmitir vários sentimentos assim para um ser-humano. Não dá pra evitar aquele sorrisinho no rosto após acabar o filme - mesmo depois de eu saber o destino dos personagens ese encantar também com Antes do Pôr-do-Sol. E Julie Delpy é linda, sem ser forçada, enquanto Ethan Hawke passa longe de ser um galã. Assim, fica tudo mais honesto.

Antes do Amanhecer
Before Sunrise, 1995
Direção: Richard Linklater. Roteiro Original: Richard Linklater e Kim Krizan. Elenco: Ethan Hawke, Julie Delpy, Andrea Eckert, Hanno Pöschl, Karl Bruckshwaiger, Tex Rubinowitz, Dominic Castell, Haymon Maria Burtinger e Harold Waiglein.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

o exterminador do futuro: a salvação

Depois de seis anos desde o terceiro Extarminador, a franquia parecia ter finalmente guinado. Reformulação total: veriamos a tão sonhada guerra entre homens e máquinas, prometendo ao público uma história tão complexa quanto os dois primeiros. Chamou-se McG, o homem responsável por As Panteras e As Panteras: Detonando. Um homem que, apesar de seus longas anteriores, se garantiu à frente de um dos projetos mais aguardados do ano. No entanto, ao assistir Exterminador: A Salvação, penso que James Cameron deve ter se retorcido nos sets de filmagem de Avatar. Mas, tranquilizando-nos, este longa não acrescenta nada pra franquia - portanto, não estraga ainda o argumento construído por Cameron.

E isso adianta? Depois de duas horas explodindo carros, exterminadores, pessoas, transformer... ops, máquinas gigantes e barulhos, o que este novo filme tem para apresentar ao espectador? Nada, absolutamente nada. O tal reboot mencionado por todos não é nada mais que um filme dirigido por Michael Bay. Ou seja, não espere muito daquela história complexa e inteligente dos dois primeiros, muito menos vá esperando algo sério. Os diálogos e as situações são igualmente rasos e clichês, salvo por poucos atores. Anton Yetchin interpreta com perfeição Kyle Reese, se igualando ao seu antecessor, Michael Biehl - tem que dar um crédito pro cara; já Sam Worthington - atual parceiro de Cameron em Avatar - faz uma boa performance, principalmente no início. Já Christian Bale interpreta um John Connor péssimo. Além de usar sua voz habitual do homem-morcego (será que ele não consegue mais usar a outra?) ele não parece um líder, em nenhum minuto da projeção.

Com um roteiro o suficientemente raso, sem frases de efeitos e sem uma história propriamente dita, este Exterminador: A Salvação é realmente um reboot da franquia. O que é uma pena, pois ele se aproxima mais de Transformers do que seus antecessores. Mas devo admitir, a música do Exterminador até agora está nos meus ouvidos.

O Exterminador do Futuro: A Salvação
Terminator Salvation, 2009
Direção: McG. Roteiro Adaptado: John D. Brancasto e Michael Ferris. Elenco: Christian Bale, Sam Worthington, Bryce Dallas Howard, Anton Yeltchin, Moon Bloodgood, Jadagrace, Helena Bonham Carter, Common e Jane Alexander.

sábado, 6 de junho de 2009

uma noite no museu 2

O sucesso do primeiro Uma Noite no Museu é justificável. O longa é simpático, cm uma histórinha deliciosa tanto para adultos quanto para crianças, contando cm um elenco de comediantes que se entregam a seus pequenos papéis. Talvez por ter muita cara daquelas produções dos anos 80/90, meio sessão da tarde. É inegável que o longa tivesse uma continuação ou, quem sabe, uma franquia. Porém, esta seqüência decepciona um pouco.

Primeiro, porque a história é tão mal contada que tem momentos embaraçosos. O fato de também não dar o destaque o suficiente para os coadjuvantes é um dos pontos negativos desta aventura. Amy Adams e Ben Stiller funcionam, no piloto automatico, mas funcionam e agradam. Os anjinhos "Jonas Brothers" não são tão insuportáveis quanto a banda; Owen Wilson é prejudicado pelo seu personagem não fazer muita parte da aventura; por fim, os efeitos visuais ainda são muito bons, claro.

Uma Noite no Museu 2 tem seus momentos, mas não há como negar a sua fraqueza como um todo. O que convém perguntar: o que aconteceu com todos os guardas do museu já que é um dos maiores do mundo? Ninguém viu o que aconteceu naquela noite?

Uma Noite no Museu 2
Nith at the Museum: Battle of the Smithsonian, 2009
Direção: Shawn Levy. Roteiro Adaptado: Robert Ben Garant e Thomas Lennon. Elenco: Ben Stiller, Amy Adams, Owen Wilson, Robbin Williams, Hank Azaria, Christopher Guest, Alain Chabat, Steve Coogan, Ricky Gervais, Bill Hader, Patrick Gallagher e com a voz de Eugene Levy.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

atrasos

Milk - A Voz da Igualdade, de Gus Van Sant
Gus Van Sant é um dos poucos dietores que tem coragem de enfrentar Hollywood. Ao lado de Ang Lee, Sant reúne um elenco estelar para contar um drama sobre homossexualismo, preconceito e ainda por cima, político. Sean Penn com uma excelente performance, rica na construção de seu personagem, abre espaço também para um ótimo James Franco e um cada vez melhor Emile Hirsch. Outro grande destaque é para o ótimo roteiro de Dustin Lance Black, que desvia a atenção de um thriller político para um drama tão, mas tão forte emocionalmente, que a única decepção diz respeito ao seu ato final - que não consegue emocionar o suficiente. Ainda assim, Milk é, sem dúvidas, um dos melhores filmes desse primeiro semestre de 2009.

Simplesmente Feliz, de Mike Leigh
Simplesmente Feliz é uma produção simpática, não passa disso. Leigh não parece preocupado em criar uma história propriamente dita, preferindo mostrar-nos que a personagem de Sally Hawkins é uma pessoa que está sempre feliz, não importa o quanto a situação está feia e que ela é uma soldado contra o mundo de hoje em dia. Apenas isso. O que parefe limitao para Leigh, é o suficiente para que Hawkins nos entregue uma ótima performance, digna de prêmios - e é uma pena que a sua indicação ao Oscar foi esnobada.

The Spirit - O Filme, de Frank Miller
Eu realmente pensei em não escrever nada da produção, mas enfim, vou falar: é insultante a maneira como Spirit foi feito. Querendo passar a mesma complexidade que envolvia Sin City, misturando algumas cenas de humor insuportáveis, este Spirit deveria levar o diretor Frank Miller à seguinte pergunta: "será que devo parar com o cinema e continuar a escrever, que é algo que eu sei fazer?". Aí, quando ele finalmente achar a resposta, deveria se desculpar por insultar um personagem legal dos quadrinhos - eu me divirto lendo os quadrinhos de Spirit, e eles nem são uma maravilha como Sin City. No entanto, temos que dar créditos para o elenco feminino, mais precisamente para a linda Eva Mendes, que prende a atenção toda. Fora isso, uma Johansson sem saber o que fazer e uma Sarah Paulson fazendo o possível com sua personagem ultra-clichê - porém a outra única coisa boa do filme.

O Visitante, de Thomas McCarthy
Richard Jenkins merecia há tempos o seu espaço. Apesar de sua ótima participação em Six Feet Under (que série boa!), o ator ainda agia como coadjuvantes, à la Jim Broadbent (eu acho os dois muito parecidos, tinha que mencionar de alguma forma). O Visitante não é um ótimo filme, mas é uma boa obra. Completa. Está tudo ali. Redenção, amizade, amor, recomeço... Lições que são aprendidas ora naturalmente, ora forçada. O grande mérito do filme vai, naturalmente, para Jenkins, em uma performance sensível, calma e comovente. E ainda assim, consegue mostrar a complexidade do seu personagem.