sábado, 30 de janeiro de 2010

zumbilândia



Ao terminar Zumbilândia, é impossível não lembrar de Todo Mundo Quase Morto. Mas os longas, mesmo com temas bastante em comuns, conseguem ser tão diferentes entre si. E o que é melhor: de uma maneira totalmente criativa e original.

O filme faz questão de caprichar em tudo: desde a edição bem-feita, com direito a exibir um letreiro de como evitar ser mordido por um zumbi; até os cortes rapidos envolvendo cenas de ação. Ajudado imensamente pelo roteiro - que brinca com os clichês do gênero, como o nervosismo do personagem de Jesse Eisenberg com as chaves, em um determinado momento. Além do mais, até mesmo os personagens têm a chance de um desenvolvimento melhor do que as comédias com que estamos acostumados.

E os personagens são outro grande acerto da produção. Woody Harrelson dá vida a Tallahassee, de longe o personagem mais interessante do filme: conflituoso, tem uma habilidade inconfudível de matar zumbis; enquanto Columbus (Eisenberg) é um garoto que nunca teve uma família; enquanto que Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) são duas irmãs que sempre viveram sozinhas, cuidando uma da outra.

O elenco todo está bem afiado: Harrelson sempre bem-humorado; Eisenberg em boa fase (ele também se destaca no recente Adventureland); Stone e Breslin possuem uma química tão boa quanto a dupla masculina. Mesmo assim, o destaque do elenco fica por conta de uma ótima ponta de Bill Murray em sua casa: um dos grandes momentos do longa, desde a sua primeira aparição até o seu final.

Claro que o roteiro também apresenta falhas, mas o fato é que o resultado final não é comprometido. Ao lado de Todo Mundo Quase Morto, Zumbilândia é uma das comédias que melhor conseguiu pegar o espírito dos filmes de terror e dosar com uma bom roteiro - algo que a série Todo Mundo Em Pânico não conseguiu com quatro exemplares.

Zumbilândia
Zombieland, 2009
Direção: Ruben Flescher. Roteiro Original: Rhett Reese e Paul Wenick. Elenco: Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Emma Stone, Abigail Breslin, Amber Heard, Derek Graf e Bill Murray.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

invictus



Clint Eastwood é um dos diretores mais eficientes que Hollywood mantém atualmente. Seguro, controla os seus atores de uma forma esperta e conduz seus filmes em um bom ritmo. No ano passado, dois filmes seus foram lançados no Brasil: Gran Torino, excelente filme que foi esnobado por muitos; e A Troca, trabalho mediano do diretor que mais parecia uma reportagem do que cinema propriamente dito. O velho caubói não pára. De 2004 para cá, Eastwood lançou ele lançou seis filmes, incluindo Invictus. É uma pena que, na pressa de fazê-los, seus filmes contém mais erros do que deveria.

Inivictus é muito bom. Tem um ritmo próprio, é interessante como o roteiro mistura com eficiência política e esporte sem cair na mesmice e, acima de tudo, conta com uma performance genial de Morgan Freeman como Nelson Mandela (algo já previsível). Mas os erros são muito perceptíveis: há em um determinado momento em que Eastwood coloca flashbacks simultâneos - o que não era necessário na cena, já que somente a atuação de Matt Damon bastava; ou as cenas finais de um dos jogos de Rúgbi, onde há excessos de câmera lenta que geralmente faziam parte dos filmes do gênero nos anos 90.

Algumas cenas são salvas pela atuaçãode Freeman. De um jeito contido, o ator consegue construir um Mandela com elegância aos nossos olhos, conquistando facilmente a simpatia do espectador. Damon, também contido, está apenas correto, dando a impressão de que ele poderia ter feito de seu personagem algo muito mais do que é mostrado no longa - talvez até seja um desmérito do roteiro, quem sabe.

Mas Clint Eastwood é bom o bastante para fazer uma narrativa arrojada, que nunca soa panfletária. A sensação pode não ser dividida com o resto do espectador, já que o passado do presidente sul-africano é abordado da maneira mais discreta possível. E é bom que seja dessa maneira, caso contrário dificilmente  Invictus funcionaria tão bem.

Invictus
2009
Direção: Clint Eastwood. Roteiro Adaptado: Anthony Peckham. Elenco: Morgan Freeman, Matt Damon, Tony Kgoroge, Patrick Mofogeng, Matt Stern, Julian Lewis Jones, Adjoa Andosh, Marguerite Wheatley, Leleti Khumalo, Patrick Lyster, Penny Downie, Sibongile Nojila e Bonnie Henna.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

sherlock holmes



Quando criança, ganhei um jogo de tabuleiro, o Scotland Yard. O jogo era o seguinte: tinha um crime a desvendar, os lugares para procurar e as pistas para anotar. Eu ficava (e fico) fascinando com o jogo, procurando as pistas por toda o cenário, anotando cada dica que possa acrescentar em minha investigação. Talvez seja por isso que eu gosto tanto de filmes investigativos; e também, talvez, seja por isso que eu me diverti assistindo a Sherlock Holmes, nova empreitada com o detetive mais famoso da literatura nos cinemas.

É uma pena que Holmes tenha retornado em uma trama fraca, longa e, acima de tudo, repleta de reviravoltas desenecessárias. Há uma subtrama fraca envolvendo Irene Adler (Rachel McAdams), cujo único objetivo é criar uma espécie de gancho ao final - e para nos mostrar a vulnerabilidade de Holmes frente à moça -, mas ela mal tem tempo de desenvolver a sua personagem, tornando-se facilmente dispensável par a história. Nem mesmo McAdams tem espaço para atuar, mas faz o melhor que pode com Irene.
 
Interessante mesmo foi a dinâmica criada por Robert Downey Jr. e Jude Law como Holmes e Dr. Watson. É sempre bom quando a amizade de dois homens é retratada de uma forma mais humana. Assim, os ciúmes de Holmes com o casamento do amigo (que muitos criaram uma polêmica, acusando injustamente a relação de homossexual) é entendível, assim o longa é extremamente eficaz em mostrr breves resistências de Watson em ir às aventuras que o amigo os envolve.
 
Downey Jr. está parcialmente igual ao seu Tony Stark em Homem de Ferro, com os mesmos tiques, o mesmo humor, mas a sua personalidade casa com o personagem. E parte da composição de personagem é fiel ao Sherlock Holmes do escritor Arthur Conan Doyle: a habilidade para a luta, o jeito observador, a quietude em seu quarto... E até mesmo Jude Law surge expressivo como Dr. Watson, trazendo uma boa química com o parceiro de cena.

Contando ainda com uma bela direção de arte e uma excelente trilha-sonora, Sherlock Holmes nos embala justamente pelo seu personagem, que por vezes consegue nos fazer esquecer da trama bobinha que está sendo nos apresentada. E eu tenho que confessar que eu estou ansioso pela próxima viagem ao universo do detetive.
 
Sherlock Holmes
2009
Direção: Guy Ritchie. Roteiro Adaptado: Michael Robert Johnson, Anthony Peckham e Simon Kinberg. Elenco: Robert Downey Jr., Jude Law, Rachel McAdams, Eddie Marsan, Mark Strong, Kelly Reilley, Robert Maillet, Geraldine James e Hans Matheson.

domingo, 24 de janeiro de 2010

chéri




Chéri faz parte de um seleto grupo de filmes, dirigidos por Stephen Frears, que tem como centro as mulheres. A Rainha, Ligações Perigosas, Sra. Henderson Apresenta são alguns dos exemplares do diretor, todos sempre protagonizados por uma presença feminina forte. De Glenn Close a Judi Dench, as mulheres nos filmes de Frears são quase sempre fortes, corajosas, e Chéri não foge a regra.

Michelle Pfeiffer (linda) interpreta a cortesã Lea de Lonval, que assume a responsabilidade de endireitar Chéri (Rupert Friend), filho de uma amiga de longa data (vivida por Kathy Bates). Só que, desta relação, surge uma imensa paixão entre ambas as partes e, após seis anos juntos, Chéri tem que se casar com uma esposa arranjada pela mãe. E tanto ele quanto Lea vão ter que aprender a lidar com a situação.

Frears não perde a mão em Chéri, demonstrando seu talento em transformar as pequenas intrigas em algo divertido e nem um pouco melodramático. Seria muito fácil a personagem vivida por Kathy Bates se transformar em uma caricatura, exceto que as suas pitadas irônicas são deliciosas; enquanto que Pfeiffer não só cumpre o seu papel muito bem, como o faz co charme e elegância; e até mesmo Rupert Friend interpreta Chéri com uma delicadeza, mas nunca deixando de ser agressivo e até mesmo complexo.

Apesar alguns personagens ou elementos do roteiro não se adaptarem de forma orgânica à trama - há, por exemplo, a noiva de Chéri, que sempre parece estar fora do timing; ou o rapaz que Pfeiffer encontra quando viaja, que desaparece sem mais explicações, tem apenas uma explicação que sugere o seu desapracimento que poderia ter sido mas aprofundado.

Chéri cumpre bem o seu papel. É um ótimo passatempo, glorificado ainda por uma performance memorável de Michelle Pfeiffer e a ácida ironia de Kathy Bates. Para os fãs de Frears, um prato cheio; para nós, um filme despretensioso e divertido.

Chéri
2009
Direção: Stephen Frears. Roteiro Adaptado: Christopher Hampton. Elenco: Michelle Pfeiffer, Rupert Friend, Kathy Bates, Felicity Jones, Iben Hjejle, Frances Tomelty, Tom Burke e Hubert Tellegen.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

amor sem escalas


Jason Reitman é um bom diretor mas nunca fez nada de excepcional em sua curta carreira (dirigiu o ótimo Juno e o regular, mas bom, Obrigado Por Fumar), é um diretor pouo ousado, convencional. Ao lançar Amor Sem Escalas, seu mais novo filme, os olhos de todos pareciam estar voltadas para ele, inclusive a própria Academia, já que é um dos favoritos a concorrer ao prêmio de melhor filme. Estrelado por um ator simpático de Hollywood (George Clooney), Reitman parece cair ans graças dos críticos de todo o mundo, mas a pergunta que fica é: o longa merece todo esse hype que está tendo? Não.

Clooney aqui interpreta Ryan, um homem cujo trabalho é demitir pessoas. Para isso, ele viaja de cidade em cidade para agir nas diversas empresas espalhadas pelo país. Já que gasta seu maior tempo viajando, não teve o prazer de se relacionar com alguém durante muito tempo, nem de ter um lar ou passar momentos marcantes da família - por isso, a notícia do casamento de sua irmã pouco lhe emociona. Sua percepção sobre o mundo que conhece muda quando conhece Alex (Vera Farmiga) e Natalie (Anna Kendrick):  a primeira, uma mulher encantadora, que assim como ele, passar mais tempo viajando do que em casa. e a última, uma nova empregada da firma que está tentando mudar o sistema de viagens que tanto ele gosta.

O roteiro é, talvez, um dos maiores problemas de Amor Sem Escalas: aos poucos, Ryan vai aprendendo um pouco mais sobre lar e como é horrível a solidão - embora o final salve o filme, com uma boa sacada do próprio roteiro. A ideia por vezes dá voltas e mais voltas, mas acaba caindo quase sempre no lugar-comum, atrapalhando todas e quaisquer ideias para se aprofundar mais nos seus personagens - fazendo com que surjam, assim, unidimensionais. Assim, mesmo que Natalie seja instável, não dá pra negar que, cada vez que ela tem seus chiliques, soa artificial - algo que o próprio diretor também não parece ter o controle necessário.

Aliás, as tão elogiadas interpretações também não fazem jus às temporadas de premiações: George Clooney se sai melhor na fita, extremamente carismático - como quase sempre; já Vera Farmiga e Anna Kendrick estão apenas corretas, sincronizdas com a história, mas não passa disso - portanto, é um absurdo pensar em indicá-las ao Oscar; e enquanto Jason Bateman se sai muito bem em suas pequenas participações, aproveitando-as ao máximo. O longa conta ainda com participações de Zack Galifianakis e o sempre competente J. K. Simmons (este, inclusive, trabalhou com Reitman em seus filmes anteriores).

Amor Sem Escalas é o tipo de filme que provavelmente vai agradar a muitos, criando uma espécie de hype  exatamente por isso. Mas se Jason Reitman quiser elevar o nível como fez em Juno , é bom que melhore em termos tanto de direção quanto de roteiro e ousar um pouco mais.

Amor Sem Escalas
Up in the Air, 2009
Direção: Jason Reitman. Roteiro Adaptado: Jason Reitman e Sheldon Turner. Elenco: George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Jason Bateman, Amy Moton, Melanie Lunskey, Danny McBride,  Zach Galifianakis e J.K. Simmons.

Update (22/01/10): Na primeira atualização, a edição saiu errada. São três estrelas a avaliação final e não duas como eu havia colocado.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

onde vivem os monstros




Há filmes que nos envolve, que nos emociona, que nos faz amar o cinema e que nos faz ter orgulho de estar o assistindo. É um sentimento estranho, este de compreender o que está nos sendo proporcionado, de entender os sentimentos propostos pelo filme, mas é tão bom sair do cinema com um imenso sorriso, pensando: "eu adorei esse filme!". Foi exatamente assim que eu me senti ao fim de Onde Vivem os Monstros, a nova produção de Spike Jonze.

Baseado em um livro de dez páginas, escrito por Maurice Sendak, o filme gira em torno do garoto Max, (Max Records) uma criança solitária, porém criativa, que inventa as mais diversas e curiosas histórias dentro de seu próprio mundo - como qualquer outra criança de sua idade. Certo dia, após uma briga com a mãe (Katherine Keener) ele foge correndo de sua casa, até parar em uma floresta repleta de monstros. Nomeado o rei das criaturas, constrói amizade com elas e em especial com Carol (voz de James Gandolfini), um monstro ciúmento e inseguro.

Onde Vivem os Monstros não é só uma simples aventura, mas também um exemplar perfeito de como utilizar uma história a favor da construçãom de seu personagem. Max - em uma inspirada atuação de Max Records - é um garoto comum, criativo e repleto de amizades na escola, mas disputa a atenção da sua família e parece que ninguém o compreende, já que a irmã sai com os amigos e a mãe nunca tem tempo para suas brincadeiras. Ao chegar na terra dos monstros, Max não só construiu em sua cabeça todas as criaturas tão parecidas com os seus sentimentos, que as decisões delas acabam refletindo em seu próprio interior.

Ora, se Carol nunca está satisfeito com as tentativas de Max para agradar a todos, não nos lembra exatamente dos esforços da mãe para com os seus filhos? Por outro lado, KW. (voz de Lauren Ambrose) abandonando a todos para se encontrar com os amigos nos remete exatamente a uma das primeiras cenas do filme em que a irmça de Max faz exatamente o mesmo. Alexander,voz de Paul Dano), que está sempre disputando a atenção de todos, exatamente como Max em sua casa. E o diferencial de Onde Vivem os Monstros para os outros reside exatamente nesta avaliação psicológica que o filme faz durante uma hora e meia de projeção.

A criativade visual de Jonze é admirável, fugindo dos padrões estéticos de Hollywood, onde geralmente o mundo é visto de uma maneira alegre e colorida (como o recente Um Olhar do Paraíso), o diretor aplica tons secos para retratar a terra de Max. Mas sempre resgatando a magia da mente do garoto, já que o que realmente importa é a maneira com que os próprios monstros lidam com o espaço - e assim, o cenário mostra-se ideal conforme o tempo vai passando. Vale mencionar o design dos monstros, que foge também do padrão de longas do gênero, já que apenas as expressões faciais foram criadas digitalmente (e mesmo assim, tornou-se uma combinação infalível com os animatrônicos).

Investindo sempre em um tom melancólico, o diretor Spike Jonze ainda nos brinda com uma bela trilha-sonora, composta por Karen O., deixando ainda mais prazeroso assistir ao filme. Onde Vivem os Montros é um filme adorável, tornando-se, desde já, um sério candidato a filme do ano.

Onde Vivem os Monstros
Where the Wild Things Are, 2009
Direção: Spike Jonze. Roteiro Adaptado: Spike Jonze e Dave Eggers. Elenco: Max, Catherine Keener, Pepita Emmerichs, Steve Mouzakis e Mark Ruffalo. Com as vozes de: James Gandolfini, Lauren Ambrose, Chris Cooper, Paul Dano, Forest Whitaker, Cahterine O'Hara e Michael Berry Jr..

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

vício frenético



O longa original, de Abel Ferrara, trazia Harvey Keitel na sua melhor atuação - e o diretor em melhor forma. Coincidentemente, esta refilmagem também traz um ator no melhor papel de sua carreira, rodeada por blockbusters e dramas: Nicolas Cage. E este Vício Frenético acabou se revelando ainda melhor do que aquele comandado por Ferrara (que é muito bom, diga-se de passagem).

A história de Terence (Cage) inicia quando este descobre que, após um caso, ficará com dores nas costas, provavelmente, pelo resto da vida. Após um incidente com alguns sul-africanos em uma New Orleans pós-Katrina (em 2005), ele tem que investigar o caso, cercado por traficantes e pessoas cada vez mais desonestas (incluindo ele). Se não bastasse todos os problemas dentro do serviço, Terence ainda tem que enfrentar o problema de sua namorada ser uma espécie de prostituta de luxo (Eva Mendes) e tentar lidar com o pai alcoólatra (Tom Bower).

Nicolas Cage usa os seus maneirismos habituais a seu favor na construção de Terence. Seu exagero, que por muito o atrapalhou em sua carreira, dá lugar a um personagem complexo, auto-destrutivo, corrupto, infeliz e, ainda assim, acaba fazendo com que o espectador torça para ele. Mesmo após abusar da namorada de um rapaz em sua frente ou torturar uma velhinha para conseguir a informação que precisa. Cage, que sempre escolheu os projetos pelos personagens - e muito raramente pela qualidade do filme - foi extremamente feliz dessa vez, mostrando que ainda tem potencial para ser um bom ator.

O resto do elenco, muioto pouco pode fazer, mas todos se saem bem. Jennifer Coolidge aproveita cada cena em que aparece na tela, ao passo que Val Kilmer e Michael Shannon conseguem tirar proveito da situação e constrói o pouco que conseguem de seus personagens. Eva Mendes, lindíssima, sabe que tem muito a aprender, mas se sai bem com o tempo que lhe sobra na tela; enquanto Brad Dourif diverte com o seu.

Com um trabalho mais convencional do que seus projetos anteriores, Herzog ainda tira alguns planos cuirosos, como utilizar um plano fechado em uma iguana ou o rosto de um crocodilo, nos mostrando as ilusões de Terence. Como também na cena em que a alma de um homem morto está dançando para o tenente - vale destacar a atuação brilhante de Cage nesta cena, em especial. Herzog ainda com um ótimo roteiro, cujo final (que não vou revelar) é dono de uma ironia ácida sobre o seu personagem.

Contando com uma montagem esperta, Vício Frenético revela-se uma comédia de humor negro que há muito não se via. É um daqueles projetos que parecem ter sido roteirizado pelos irmãos Coen (especialista nesse tipo de filme). Mas dirigido por um mestre do cinema mundial.

Vício Frenético
The Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, 2009
Direção: Werner Herzog. Roteiro Adaptado: William M. Finkelstein. Elenco: Nicolas Cage, Eva Mendes, Val Kilmer, Jennifer Coolidge, Brad Dourif, Michael Shannon, Xzibit, Tom Bower, Shawn Hatosy e Shea Whigham.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Prêmio Cinemania 2010 (ou melhores de 2009 por categorias)

Esta é a 2ª edição do Prêmio Cinemania. Trata-se de uma versão 2.0 dos melhores e piores do ano. O meu Oscar pessoal (categorias como edição, efeitos visuais, direção...). A lista a seguir também contém os meus votos para o Blog de Ouro, premiação entre blogs membros da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos (pode ser que eu mude algo até lá, mas é quase improvável). Antes de conferir os vencedores, resolvi colocar algumas considerações finais:

1. A lista são dos filmes que foram lançados no circuito nacional em 2009, e que foram assistidos no mesmo ano (filmes como Aconteceu em Woodstock, por exemplo, embora assistido esse ano, não podia tê-lo incluido em categoria alguma);

2. Estão em ordem de preferência;

Clique aqui para conferir a lista.


domingo, 10 de janeiro de 2010

Previously on... - Séries

Retomo o meu post de séries, que agora decidi ser mensal. Desculpem a falta de posts, ainda falta publicar os vencedores do Prêmio Cinemania e alguns filmes que estrearam no mês do janeiro. Tudo normal após o dia 17. E voilá:

Com Spoilers para quem não viu as séries a seguir: Big Love (1ª Temporada), Bored to Death (1ª Temporada), Californication (3ª Temporada) e Dexter (4ª Temporada).



Big Love 1ª Temporada - Sempre me interessei por Big Love, a série de poligamia mais elogiada dos últimos anos, me despertou interesse desde o seu lançamento. Conferi só agora. E é muito boa mesmo. Só que a primeira temporada demorou um pouco para ganhar ritmo, já que os quatro primeiros episódios são arrastados. Bons, mas arrastados. A partir do episóio cinco, ou quase a segunda metade da temporada, Big Love fica muito boa, criando cada vez mais subtramas interessantes (embora desperdice alguns bons personagens de vez em quando), tornando os personagens cada vez melhores e a galeria é enorme. As esposas de Bill cresceram absurdamente na série (com destaque para Chloe Sevigné), os personagens secundários não deixam nada a desejar (gosto muito de Roman, particularmente). Porém, o cliffhanger para a próxima temporada me deixou ansioso. Pronto para a 2ª!

Média da temporada:


Bored to Death 1ª Temporada - Os três primeiros episódios são bem sem graça. A partir do quarto, rende algumas piadas bem boladas e a série começa a engrenar. Na realidade, a história só empolga mesmo quando Ted Danson entra na brincadeira e começa a ir junto nas investigações de Jonathan. Jason Schwatzman começa a pegar confiança durante a temporada, enquanto que Zach Galifianakis pouco lembra o seu personagem de Se Beber, Não Case, embora haja algumas semelhanças, mas está bem no geral. O roteiro precisa desenvolver melhor as situações mostradas na comédia, pois há potencial para mais. Por enquanto, a série é divertidinha, não mais que isso. Espero que a 2ª possa reverter isso.

Média dos episódios



Californication 3ª Temporada: Hank Moody é um cara bacana. Um daqueles caras com que você não se importaria de tomar uma cerveja em um bar, falar sobre mulheres, futebol e etc. E o que rendeu sempre momentos muito divertidos, nessa temporada foram subsituidos por uma certa irregularidade. David Duchovny está ótimo como Hank, já de praxe, mas quem roubou as atenções foi Evan Handler, com o seu sempre carismático Charlie. Eram dele os momentos mais divertidos da temporada, com o seu arco envolvendo Collini (Katlheen Turner em um bom momento) e Marcy. É uma pena que ele não tenha tido o merecido destaque no último episódio da série, que deixou dois grandes ganchos para o próximo ano. Um dos momentos de Californication quando Hank finalmente conta a Karen sobre Mia, ao som de Rocket Man (a música de seu personagem). Porém, as mulheres, que tanto prometiam nos primeiros episódios, foram mal aproveitados nos episódios finais, poderiam render mais. Ainda que inferior às suas temporadas anterior, essa temporada merece ser vista e conferida.

Média da temporada:


Dexter 4ª Temporada - Michael C. Hall é um ator talentoso. Apesar de não escolher bem os filmes em que atuar (Gamer, por exemplo), o ator conseguiu, ao longo de quatro temporadas, criar um serial killer que, apesar de todas as suas convicções, é tão ou mais humano que qualquer outro personagem da série. Desde o início da série, Dexter vem matando as pessoas inocentes, crescendo cada vez mais com as adversidades e reformulando a sua vida, a cada lição que aprendida. Harry, Doakes, Lila, Lundy, Miguel Prado, estes foram importantes na vida do serial killer, mas não tem nenhum que se compara com as lições dadas por Arthur Mitchell. Interpretado brilhantemente por John Lithgow, a sua história foi caminhando lentamente para um final glorioso, no qual a sua interpretação foi extremamente importante, desde os momentos em que tenta manter a calma, culminando em explosões dramáticas impensáveis para aquele pai de família. Dexter, em um momento delicado familiar, nota em Mitchell um exemplo a seguir: um serial killer que mata, mas ao mesmo tempo cuida de sua família. A trama foi se encaminhando em um ritmo próprio, até chegar no final mais chocante (e incômodo) de toda a série. Muita gente reclamou que Dexter estava bomzinho, não matava mais, era legal e etc. Quem fala isso, não sabe a besteira que está falando. Dexter é um personagem bem construído, desde as primeiras temporadas e, acima de tudo, um ser humano, portanto é de se esperar que uma hora ou outra, alguns sentimentos despertem a sua necessidade de algo, como a sua família - que acabou se tornando um hábito, necessário a sua vida pessoal. E também tem Rita. A loira foi machucada a vida inteira por um homem que amava, criando dois filhos em um emprego inútil, solitária, busca em Dexter uma espécie de utopia que ela nem imaginava conseguir. Ela não era chata, era apenas uma esposa que já sofreu muito na vida, cuja atenção do marido parecia cada vez mais distante - e eu vou sentir a sua falta. Com Lost acabando, Dexter é promovido ao posto de melhor drama em exibição atualmente.

Média da temporada: 

domingo, 3 de janeiro de 2010

Os Melhores (e piores!) de 2009

2009 acabou. E já vai tarde. Agora é esquecer o ano e começar com o pé esquerdo este 2010. Para o cinema o ano foi bom, gostei de muitos dos filmes que estrearam no circuito. Assisti um pouco mais de 300 longas-metragens no ano, comentei sobre 56 filmes no blog (um pequeno recorde pessoal), teve no mínimo quatro ou cinco obras-primas e os filmes ruins, estes foram ruins mesmo. Entretanto, teve ainda Avatar e a sua revolução no modo de fazer cinema, a volta de Tarantino, o filme de vampiros Deixa Ela Entrar, Clint Eastwood, enfim...

Quero agradecer a todos que acompanharam o Cinemania nesse ano, os que comentaram, os que me xingaram no comentário de Lua Nova (voltem para Eclipse). Espero vocês este ano também. E que venham mais e mais filmes bons nesta nova década que se inicia

Clique aqui para continuar lendo e ver quais são os meus melhores e piores filmes do ano.